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Aviação e História > AVIAÇÃO E HISTORIA > As Mulheres na Aviação em Tempos de Guerra
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Uma pequena história sobre a piloto argentina Maureen Dunlop

Quando pensamos em aviação, quase sempre nos lembramos dos feitos heróicos realizados por pilotos de todo o mundo nos combates aéreos dos grandes conflitos mundiais do século vinte. Fossem voluntários ou militares oriundos das escolas de aviação, os pilotos defenderiam seu país e demonstrariam a sua bravura no front, combatendo a aeronave inimiga e bombardeando seus alvos designados. Mas alguma vez vocês já se perguntaram: “como as aeronaves chegaram ali?”. A pergunta parece óbvia: voando! Outra pergunta seria: “quem pilotava?!” A resposta, novamente óbvia, seria “os pilotos, ora!”. Mas quem eram esses pilotos? É aqui que nossa história começa...

Amelia Earhart e Ada Rogato são alguns nomes expressivos na história da aviação civil, mas principalmente no papel das primeiras mulheres aviadoras (a primeira mulher a obter o brevê de piloto, em 1910, foi a francesa Elise Raymond Deroche). No campo militar, diversas forças aéreas aceitaram apenas recentemente a entrada de mulheres nos seus quadros de aviadores. A exceção é a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que, a partir de 1939, aceitou o alistamento de mulheres para o serviço militar. É desta época a entrada de mulheres na aviação militar, nas fileiras das aeronaves da URSS.

Muitas mulheres queriam ajudar nas fileiras de combate, mas como seria possível? Muitas se alistaram como enfermeiras para cuidar dos feridos, mas tivemos outras que utilizaram suas habilidades e conhecimento para voar nos céus da Europa no decorrer dos conflitos. O caminho era o alistamento nas fileiras da Air Transport Auxiliary (ATA). Fundada em 1939 por Gerard d’Erlanger, diretor da British Airways, seu objetivo era o transporte de aeronaves até as regiões de combate. Os primeiros pilotos a ingressarem em suas fileiras eram homens e para serem aceitos deveriam possuir 250 horas de voo. Era o caminho para que as mulheres aviadoras chegassem próximo do front.

Uma dessas mulheres foi Maureen Adel Chase Dunlop, que ficou famosa após se tornar capa da revista Picture Post, em 1944, após ser fotografada descendo de sua aeronave. Nascida em 26 de outubro de 1920, na cidade de Quilmes, na Argentina, era filha do australiano Eric Chase Dunlop e da inglesa Jessimin May Willliams. Esta particularidade lhe valeu a dupla cidadania. Em 1936, durante um período de férias na Inglaterra, teve aulas de pilotagem. Ao retornar para a Argentina, alterou sua data de nascimento visando continuar a ter aulas de pilotagem.

Seu pai fora voluntário na 1ª Guerra Mundial, servindo na Royal Field Artillery. Alguns estudos apontam que esta atitude de seu pai serviu de exemplo para Maureen, que viu na 2ª Guerra Mundial a sua oportunidade de seguir os passos do seu pai. Dessa forma, ela e sua irmã viajaram para a Inglaterra. Enquanto sua irmã trabalharia para a BBC, Maureen se alistaria como piloto nas fileiras da ATA.

Segundo o mesmo matutino o avião havia sido o responsável pelo recorde sul-americano de maior permanência em voo, que o piloto conseguiu em 29 de agosto de 1920. O francês manteve a aeronave no ar por 10 horas e quarenta minutos. Outro fator importante é que com dois passageiros a bordo, alcançou 2000 metros de altitude em 22 minutos.

Para ser aceita na ATA, Maureen, assim como as demais mulheres, deveria comprovar 500 horas de voo, o dobro daquele exigido para os pilotos do sexo masculino. Ao ingressar, as pilotos deveriam levar as aeronaves para o front. Eram aeronaves que haviam sido construídas para serem incorporadas às fileiras da RAF ou que haviam passado pelos parques de mecânica para reparos. O interessante é que as aviadoras não sabiam quais aeronaves pilotariam. Era apenas no briefing matinal que descobririam qual aeronave e para que local deveriam se destinar para realizarem as entregas.

A ATA entregou, até o final da guerra, 308.567 aeronaves, incluindo 57.286 Siptfires, um dos principais caças utilizados pela RAF. Maureen Dunlop era uma das pilotos responsáveis pelo transporte desse importante caça. Além deste caça, Dunlop transportaria ainda outros 37 tipos de aeronave e declarou que sua aeronave preferida era o De Havilland Mosquito.

 

Após a II GM, Maureen Dunlop foi qualificada como instrutora de voo de uma unidade da Royal Air Force (RAF) no aeroporto de Luton1, antes de voltar à Argentina, onde trabalhou como piloto comercial até 1969. Depois, seguiu para a Inglaterra, com seu marido, onde passaria a criar cavalos árabes, outra paixão da aviadora.

A destemida aviadora argentina faleceu em 29 de maio de 2012.

Ten. Rachel Motta Cardoso

 

1Aeroporto civil e militar que, no início da 2ª Guerra Mundial, teve seu funcionamento restrito às aeronaves militares e seu aeródromo foi usado principalmente como uma escola de treinamento de voo.

foto2 - http://files.background.webnode.cz/200007721-e7082e84b4/Mosquito.jpg

 

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