ORDEM DO DIA ALUSIVA AO
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA DA AERONÁUTICA
Em dezembro de 1685, nascia em Santos, São Paulo, o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão que se tornaria célebre por seu espírito inventivo, destacando-se na lista dos precursores da aviação pela criação, dentre outras coisas, de balões nos primórdios do século 16; entre eles o denominado “Passarola”, que encantou a corte portuguesa alimentando os sonhos antigos do homem de voar e do domínio do ar. Por sua engenhosidade, depois de sua morte em 19 de novembro de 1724, aos 38 anos, na cidade espanhola de Toledo, ele foi considerado merecidamente como o Pai da Aerostação e ocupa lugar de destaque na história da Aeronáutica brasileira e mundial.
Após 280 anos de seu falecimento, seus restos mortais foram trasladados da Espanha para o Brasil e depositados em uma cripta na Catedral da Sé de São Paulo no dia 24 de março de 2004. No local há uma homenagem da Força Aérea Brasileira por seus significativos feitos à aeronáutica. É devido a este evento que o Dia do Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica (SARA) é comemorado em 24 de março, que é, também, o dia de seu Patrono, o padre Bartolomeu de Gusmão, a quem reverenciamos por seus feitos e por sua fé.
A Assistência Religiosa aos militares existe desde tempos antigos, ainda quando não se usava o termo “militar” para referir-se aos que estavam envolvidos com as guerras ou conflitos. Na Bíblia, em época que remonta aos primórdios da formação da nação de Israel, durante a chamada peregrinação pelo deserto à terra prometida, no livro do Deuteronômio capítulo 20, há menção legal à presença e à atuação do sacerdote junto às tropas no campo de batalha. Portanto, a história bíblica e, posteriormente, a história da Igreja Cristã, relatam a presença dos clérigos, a quem modernamente chamamos de “capelães”, assistindo às tropas no calor da batalha.
No Brasil, no ano de 1500, quando Pedro Álvares Cabral aportou por aqui com sua frota, padres prestavam a assistência religiosa aos oficiais, soldados e demais pessoas do contingente daquela expedição marítima. Avançando para o período imperial, no ano de 1850, através do Decreto nº 747, foi criada a “Repartição Eclesiástica do Exército”; como exemplo de atuação, há relatos de 37 capelães militares de diversas patentes acompanhando as tropas em diferentes regiões do Brasil durante a Guerra da Tríplice Aliança. Com o advento da República em 1889, cessou oficialmente a assistência religiosa prestada aos militares por meio de seus próprios capelães, até que, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o envio da Força Expedicionária Brasileira aos campos de batalha na Itália, foi criado do Serviço de Assistência Religiosa junto às Forças em Operações de Guerra, através do Decreto-Lei nº 6.535, de 26 de maio de 1944; na ocasião foram enviados 28 capelães para o teatro de operações, sendo 26 padres e 2 pastores.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial, no terceiro ano de existência de nossa vibrante Força Aérea Brasileira, que surgiu a Assistência Religiosa da Aeronáutica, mais tarde denominado Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica, subordinado ao Comando-Geral do Pessoal. No final do ano de 1944, apresentou-se em Pisa, Itália, o Monsenhor Paschoal Gomes Librelotto, Major Capelão do heroico 1º GAvCa. Desde então e ato contínuo, a FAB tem contado com a presença de capelães militares em seu efetivo, inicialmente padres e, a partir do ano de 2003, pastores. Atualmente, são 37 capelães do QOCAPL, 25 padres e 12 pastores, mais 5 capelães do QOCON, 4 pastores e 1 padre, totalizando 42 capelães a serviço da família Aeronáutica. Acrescente-se que nossos capelães estão ainda mais integrados à Força, porquanto em 2022, concluíram, pela primeira vez, o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na EAOAR, sendo pioneiros os capelães da turma do CIAAR de 2011.
A finalidade do Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica é prestar assistência religiosa e espiritual aos militares e civis do COMAER, bem como aos seus familiares, além de atender a encargos relacionados à educação moral e ética dos militares. Logo, a missão de nossos capelães é muito mais abrangente do que apenas celebrar missas e cultos. Eles ajudam, na guerra e na paz, a confortar os feridos e enfermos, a fortalecer a mente e o espírito da tropa, a consolar os enlutados, a levar esperança em meio aos conflitos, a assistir aos presos, a ouvir os que precisam desabafar, a contribuir com a saúde mental e emocional do efetivo, a disseminar os valores cristãos, espirituais, éticos e organizacionais, a promover bons relacionamentos e, evidentemente, a alimentar a fé em Deus, fazendo com que os militares realizem as suas funções acreditando que dos céus emanam bênçãos divinas sobre suas vidas. Tudo isto, com o devido respeito às liberdades de consciência, de crença e de culto, direitos invioláveis de cada indivíduo.
Parabenizamos o Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica e seus capelães pelo seu Dia e por toda missão desenvolvida em prol da Força Aérea Brasileira. Que nossos capelães sejam a expressão do amor e da misericórdia de Deus na caserna, e que o desempenhar de seu cuidado pastoral contribua para a geração de um bem-estar integral em todo o Comando da Aeronáutica.
Fé em Deus e Fé na Missão!
24 de março de 2023
Ten Brig Ar RICARDO REIS TAVARES
COMANDANTE-GERAL DO PESSOAL
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