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Slideshow > ENFERMEIRAS QUE INTEGRAM A FAB NA II GUERRA MUNDIAL
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Em diversos países, a necessidade de estruturar serviços de saúde no âmbito das forças armadas serviu de argumento para o aproveitamento de mulheres enfermeiras nesses espaços culturalmente masculinizados. Por oportuno, a incorporação oficial de enfermeiras em instituições militarizadas ocorreu principalmente em momentos de guerra, ocasiões reconhecidas como importantes vetores de profissionalização da Enfermagem. Esse movimento contribuiu para a demarcação das posições ocupadas pelas mulheres nos campos militar e social. De modo exemplar, tal situação ocorrera no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

No contexto desse conflito, foi criado o Ministério da Aeronáutica em 20 de janeiro de 1941, acompanhando a tendência da guerra moderna de aplicação e desenvolvimento tecnológico de aviões, que amplificariam os conflitos militares para o espaço aéreo.

Alguns meses mais tarde, declarou-se estado de guerra em todo território nacional, no dia 31 de agosto de 1942, o que foi especialmente motivado pelo torpedeamento de 19 navios mercantes brasileiros pelos nazistas, situação que levou à morte 346 tripulantes e 410 passageiros. No ensejo, determinou-se o uso de aviões no litoral para busca, salvamento e patrulhamento por radar contra submarinos alemães. Isso pôs o Brasil do lado dos Estados Unidos da América e, por conseguinte, dos países Aliados (Império Britânico, União Soviética, China, Polônia e França, entre outros) que se opunham à Alemanha, Itália e Japão, potências do Eixo que representavam as forças nazifascistas na guerra.

A declaração de estado de guerra pelo governo brasileiro também foi motivada pelas pressões políticas dos Estados Unidos da América, que visavam a consolidação do Pan-Americanismo e da Política da Boa Vizinhança. Em contrapartida, mais de 100 aviões norte-americanos foram trazidos em voo para a instrução primária de pilotos brasileiros de 1942 a 1943, quando se passou a articular a criação de grupamentos de militares e civis voluntários, o que fazia parte da política de mobilização nacional para a guerra e das estratégias de reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras e de capacitação de seus contingentes.

Essa situação oportunizou a criação do 1º Grupo de Caça da FAB em 18 de dezembro de 1943 pelo Decreto-Lei 6.123, a fim de exercer a aviação de combate junto aos norte-americanos, na Europa. Iniciaram-se, então, as negociações para organização do Serviço de Saúde vinculado ao 1º Grupo de Caça, que seria formado por enfermeiras e médicos voluntários voltados ao atendimento de militares combatentes, pilotos e pessoal de apoio.

Para se enquadrar ao padrão dos aliados norte-americanos, a FAB precisava incorporar mulheres enfermeiras aos seus quadros de efetivo, visando organizar o seu Serviço de Saúde. Com isso, foi criado o Quadro de Enfermeiras da Reserva da Aeronáutica (QERA) por meio do decreto 6.663, de 7 de julho de 1944. Com o apoio da Escola Anna Nery (EAN), foram selecionadas seis enfermeiras egressas dessa instituição para compor o QERA, as quais foram oficialmente nomeadas pelo ministro da Aeronáutica como 2º tenente da reserva de 2ª classe. Após treinamento militar nos Estados Unidos da América, entre julho e setembro de 1944, elas embarcaram para a Itália, onde foram lotadas em dois hospitais de retaguarda. Na guerra, elas ficaram responsáveis pelos cuidados aos pacientes do 1º Grupo de Caça da FAB até junho de 1945.

A criação do QERA contribuiu para amenizar a divisão sexual do trabalho no âmbito das instituições militares do país. Ainda que na retaguarda, a Enfermagem fez-se a via para a inclusão feminina nesse espaço tradicionalmente reservado e ocupado por homens.

Nesse contexto, em 10 de setembro de 1959, por meio da Lei nº 3.632, foram incluídas no Serviço de Saúde da Aeronáutica, no posto de Segundo-Tenente, as enfermeiras que integraram a Força Aérea Brasileira, durante as operações de guerra na Itália.

Foi enviado à Itália um grupo de oficiais médicos e enfermeiras da FAB, entre eles o Ten. Med. Luthero Vargas, filho de Getúlio Vargas, à época presidente do Brasil. Alguns dos médicos serviram no US 12th General Hospital, em Livorno, enquanto o Cap. Med. Thomas Girdwood operou com o Grupo – foi o primeiro “médico de esquadrão” da FAB, apesar de tal função não existir à época. Já as enfermeiras – 2º Tenentes Isaura, Antonina, Judith, Ocimara, Regina e Diva – acompanharam o 1º Grupo de Aviação de Caça desde o treinamento nos EUA até o final da guerra.

 

Texto adaptado do original “A inclusão de enfermeiras aeronautas brasileiras na segunda guerra mundial: desafios e conquistas”, publicado em https://www.sanarmed.com/artigos-cientificos/a-inclusao-de-enfermeiras-aeronautas-brasileiras-na-segunda-guerra-mundial-desafios-e-conquistas

 

 

 

 

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