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Slideshow > MUSAL lançará exposição “Por ares nunca d’antes navegados”
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PARTINDO DO RIO TEJO, EM LISBOA, PILOTOS PORTUGUESES, A BORDO DE HIDROAVIÃO MONOMOTOR, REALIZARAM O PRIMEIRO VOO LIGANDO PORTUGAL AO BRASIL EM 1922


Fonte: Museu Aeroespacial
Texto adaptado do original
Adaptação e edição: Cel Sarandi - MUSAL

 

Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul:
EXPOSIÇÃO “Por ares nunca d’antes navegados”


Esta exposição temporária celebra o Centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, que foi iniciada em 30 de março de 1922, em Lisboa, e protagonizada pelos aeronautas portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho, os quais seguiram a bordo do hidroavião modelo Fairey III-D, tendo como destino final o Rio de Janeiro, que na época era a capital brasileira.

 

 

No final da década de 1910, existia um conjunto de desafios que eram colocados aos aviadores com relação às tarefas de condução de aeronaves, tais como a confiabilidade dos motores utilizados nas aeronaves, o peso que estas máquinas conseguiriam erguer no ar e, principalmente, quanto à orientação em pleno voo sobre zonas continentais desconhecidas e grandes distâncias marítimas.
Dentre os obstáculos a serem vencidos na época, um dos mais significativos era o desenvolvimento de um método de navegação que permitisse pilotar a aeronave com precisão sobre a imensidão dos oceanos.
No ano de 1919, quando da visita do Presidente da República do Brasil, Epitácio Pessoa, a Portugal, o Capitão-Tenente Piloto Aviador Sacadura Cabral teve a idéia de comemorar o Centenário da Independência do Brasil (1922), realizando uma viagem aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro, que mais tarde ficaria conhecida como a Travessia Aérea do Atlântico Sul.
Sacadura Cabral tinha plena consciência quanto às dificuldades em relação à navegação aérea em grandes distâncias marítimas, tanto que encontrou no Capitão-de-Mar-e-Guerra Gago Coutinho o apoio científico para empregar os estudos.
Em 30 de março de 1922, Sacadura Cabral e Gago Coutinho partiram de Lisboa e, em um inacreditável feito aeronáutico de repercussão internacional, voaram até o Rio de Janeiro, realizando a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.
Em um pioneirismo heróico, enfrentaram muitos perigos e deram demonstração de alta capacidade técnica, realizando as seguintes etapas: Lisboa x Las Palmas (Ilhas Canárias); Gando (Ilhas Canárias) x São Vicente (Arquipélago de Cabo Verde); Porto Praia (Ilha de São Tiago - Cabo Verde) x Penedos São Pedro e São Paulo (Ilha de Fernando de Noronha); Ilha de Fernando de Noronha x Recife (Pernambuco); Recife (Pernambuco) x Salvador e Porto Seguro (Bahia) x Vitória (Espírito Santo) x Rio de Janeiro.

 

 


A viagem entre as cidades de Lisboa e Rio de Janeiro foi bastante atribulada, onde foram utilizadas três aeronaves. Devido à inexistência de aeródromos nas Ilhas de Cabo Verde e Fernando de Noronha, decidiram por realizar a compra de um hidroavião inglês do tipo Fairey III-D, com motor Rolls Royce de 350 CV.
Para que a Travessia do Atlântico Sul pudesse ser concretizada, foram necessários testes com os métodos de navegação criados pelos pilotos em questão. Com este objetivo, Gago Coutinho adaptou ao Sextante - um instrumento astronômico utilizado para determinar a latitude - um horizonte artificial e desenvolveu, em colaboração com Sacadura Cabral, o plaqué de abatimento ou corretor de rumos, que permitia calcular graficamente o ângulo entre o eixo longitudinal da aeronave e o rumo a seguir, considerando a intensidade e direção do vento.
Os dois aventureiros ensaiaram o uso dos novos métodos na ligação entre o continente e a Ilha da Madeira, através do raide aéreo Lisboa-Funchal, em 1921. A ligação aérea foi concluída em cerca de sete horas e meia e demonstrou a precisão destes inovadores instrumentos, que foram decisivos para navegar com segurança de rumo e resultar no sucesso da Travessia Aérea do Atlântico Sul.
Foram necessários três hidroaviões: Lusitânia, Portugal e Santa Cruz para a conclusão da conquista. O Lusitânia naufragou nos rochedos São Pedro e São Paulo, o Portugal naufragou na região de Fernando de Noronha e o Santa Cruz foi o único hidroavião que completou o percurso até o Rio de Janeiro. Este último recebeu este nome por sugestão da esposa do Presidente Brasileiro.
Depois de percorridas 4527 milhas (8.300 quilômetros) em 62 horas e 26 minutos, os oficiais foram recebidos em festa pela população do Rio de Janeiro, no dia 17 de junho de 1922. Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras por onde passaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a Primeira Travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica.
Estava assim concluída a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul. A coragem de Sacadura Cabral e o apoio científico de Gago Coutinho se juntaram para fazer o que mais ninguém tinha feito até então. Esse voo veio abrilhantar as comemorações do Centenário da Independência do Brasil.

 

 

BIOGRAFIAS
SACADURA CABRAL (1881 - 1924)
Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral, nasceu em 23 de abril de 1881, na província da Beira Alta, em Portugal.
Em 10 de novembro de 1897, aos dezesseis anos ingressou na Escola Naval, sendo depois promovido à Aspirante de Marinha. Em 1922, com vinte e cinco anos de idade foi promovido por mérito, ao posto de Capitão de Fragata, por conta da concretização do projeto da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.
Considerado um aviador extraordinário pelas suas qualidades de coragem e inteligência, ultrapassou as insuficiências técnicas e materiais à época. Ao conhecer Gago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se às questões da navegação aérea. Ambos se dedicaram a solucionar problemas de navegação aérea, levando ao desenvolvimento de um método científico que foi fundamental para a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.
Em 1921, realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, a fim de avaliar os métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho.
Morreu em 15 de novembro de 1924, quando pilotava uma aeronave Fokker no Mar do Norte e seu corpo nunca foi encontrado.

 

 

 

GAGO COUTINHO (1869 - 1959)
Carlos Viegas Gago Coutinho, mais conhecido como Gago Coutinho, nasceu em São Brás de Alportel, em Portugal, sendo registrado em Belém, uma freguesia portuguesa do município de Lisboa, no dia 17 de fevereiro de 1869.
Ingressou aos dezessete anos na Marinha Portuguesa, como Aspirante do Corpo da Armada, em 1886. Durante sua carreira militar, cruzou os Mares do Sul em veleiros e navios mistos, de 1898 a 1918, dedicando-se como geógrafo de campo a missões geodésicas e à delimitação de fronteiras nas províncias ultramarinas portuguesas de Timor, Moçambique, Índia e São Tomé. Interessou-se pela aviação, onde adaptou os processos e instrumentos da navegação marítima.
Após realizar a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, Gago Coutinho foi promovido a Vice-Almirante e condecorado com as mais altas e prestigiadas distinções do Estado Português. Faleceu no dia 18 de fevereiro de 1959, no dia seguinte a completar 90 anos, em Lisboa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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