Alertar os novos pilotos da Aviação Agrícola para a importância da consciência situacional na atividade aérea, evitando que esses profissionais se envolvam em ocorrências aeronáuticas. Esse foi o propósito da equipe do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V) ao visitar as duas maiores escolas de formação de pilotos agrícolas no interior do Rio Grande do Sul.
Os encontros aconteceram, nos dias 22 e 23 de setembro, respectivamente, na Escola de Aviação Santos Dumont, de Cachoeira do Sul, e no Aeroclube de Carazinho, ambos localizados na região central do Estado. Cada entidade forma, em média, três turmas de pilotos agrícolas por ano, totalizando cerca de 100 profissionais entregues ao mercado de aviação.
De acordo com o chefe do SERIPA V, Tenente-Coronel Aviador Luís Renato Horta de Castro, o objetivo foi o de orientar sobre recomendações operacionais e de manutenção relacionadas à Segurança de voo. “É fundamental trabalhar com o piloto agrícola recém-formado antes que ele siga para a sua primeira safra. Criamos um momento para agir por meio da prevenção", declarou.
Violações cometidas por pilotos na atividade agrícola, aspectos da legislação, conhecimentos básicos de aerodinâmica, além de fatores afetos a perda de controle de voo e em solo foram os temas debatidos pelo Chefe do Seripa V. Ainda no contexto da prevenção, o Suboficial André Luis Raimann discorreu sobre os cuidados na manutenção e reparos em aeronaves.
"O momento foi bastante oportuno para dialogar com os pilotos recém-formados e apresentar dados e informações atualizados, antes que a cultura organizacional os afastem dos princípios de Segurança de Voo", afirmou o Tenente-Coronel Renato, que reconhece, com base nas estatísticas, as condições marginais em que trabalha a categoria.
Os cortes orçamentários implementados pelo governo federal impedem o desenvolvimento de ações de prevenção em locais mais distantes e, por isso, as entidades mais próximas do órgão regional são beneficiadas, muitas vezes, com eventos específicos realizados a custo zero, explicou o chefe do SERIPA V.
As investigações de ocorrências aeronáuticas realizadas pelo SERIPA V indicam que cerca de 60% dos acidentes na operação aeroagrícola acontecem devido a perda de controle em voo, manobra à baixa altura e falha de motor. Tais eventos se devem a falhas no planejamento de voo, ausência de supervisão, deficiente julgamento do piloto no momento de decisão, além de aspectos psicológicos e de manutenção.
Anualmente, o SERIPA V promove o Curso de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – Aeroagrícolas (CPAA-AG), que tem por finalidade formar novos elementos para atuar na área da prevenção. São duas semanas de palestras sobre diversos temas de interesse da Segurança Operacional da Aviação Agrícola, que inclui conhecimentos sobre as normas do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).
“Diante do cenário vivenciado pelos pilotos aeroagrícolas não basta capacitar profissionais para agir na prevenção, precisamos mostrar a realidade que os recém-formados vão encontrar no ambiente de trabalho e alertar para os cuidados que devem ter com a Segurança de voo para que se mantenham vivos”, concluiu o Chefe do SERIPA V.
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