O CENIPA é o órgão do Comando da Aeronáutica responsável pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER). As investigações são embasadas no Anexo 13 à Convenção Internacional de Aviação Civil da ICAO – International Civil Aviation Organization, órgão de referência mundial, que normatiza as leis sobre aviação civil internacional.
Atividades - É da análise técnico-científica do acidente ou incidente aeronáutico que se retiram valiosos ensinamentos. Esse aprendizado, transformado em linguagem apropriada, é traduzido em recomendações de segurança específicas e objetivas para os fatos analisados, acarretando ao seu destinatário (proprietário, operador de equipamento, fabricante, piloto, oficina, órgão governamental, entidade civil, etc.) o cumprimento de ação ou medida que possibilite o aumento da segurança.
A Recomendação de Segurança (RS) é uma ação, ou conjunto de ações, dirigida a determinado órgão e referente à circunstância específica, formulada e emitida com o objetivo de eliminar ou controlar determinada situação de risco para a segurança de passageiros e tripulantes.
Área Educacional e Laboratório de Destroços
Na área educacional, o CENIPA disponibiliza, ao longo de cada ano, para conhecimento do público em geral o calendário de seminários e cursos de segurança de voo, destinado à formação, à atualização e ao aperfeiçoamento de pessoal, bem como ao intercâmbio de informações com países amigos.
Essa política de recursos humanos permite ao sistema a manutenção e o desenvolvimento de seu trabalho técnico-especializado.
Os elementos ligados ao sistema mantêm constante intercâmbio com escolas, universidades, organizações civis e militares, nacionais e estrangeiras, especializadas em Programas de Segurança de Voo. É assim que, hoje, o Comando da Aeronáutica, ao qual o CENIPA é subordinado, desenvolve sua Política e Filosofia de Segurança de Voo para todos os segmentos da comunidade aeronáutica brasileira.
Durante os cursos ministrados no Centro, os profissionais também recebem conhecimentos no Laboratório de Destroços, local onde acidentes e incidentes foram reconstruídos de forma fidedigna à ocorrência real, para promover o aprendizado técnico especializado.
LABDATA - Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo
Você sabia que a caixa-preta é laranja?
A eficiência e eficácia na condução dos processos de investigação de acidentes aeronáuticos significa a prevenção de futuros acidentes, resultando na preservação do bem mais precioso que existe: a vida humana.
Para prevenir os acidentes aéreos, o CENIPA conta com uma importante ferramenta de análise de dados, a caixa-preta. Os gravadores de voo, comumente chamados de caixa-preta, são dispositivos que gravam informações de voo, em forma de dados e em áudio. São registros feitos em mídia apropriada, protegida, e foram projetados para serem usados como ferramentas de apoio à investigação de ocorrências aeronáuticas. A caixa-preta é, na verdade, produzida na cor laranja por ser uma coloração mais fácil de ser encontrada.
O LABDATA é composto por militares tecnicamente habilitados para o estudo e análise da caixa-preta. Em novembro de 2015, o Laboratório recebeu a certificação ISSO 9001 relativa à qualidade e eficiência em seus processos.
Mas o que torna os gravadores de voo indestrutíveis? A parte mais importante do gravador de voo, fabricada para suportar os requisitos de resistência e proteger os dispositivos de gravação, é chamada de crash survivable memory unit (CSMU). Os modelos mais modernos e leves são feitos de liga de titânio e, como isolante térmico, é utilizada a sílica.
Como surgiram os gravadores de voo - Concebida, em 1953, pelo cientista David Warren, do Laboratório de Pesquisa Aeronáutica da Austrália, a caixa-preta representou o avanço na elucidação de acidentes, uma vez que até então a investigação se restringia à análise dos escombros que restavam do aparelho.
Warren se deu conta de que os pilotos certamente debatiam os problemas enfrentados antes de um desastre e esse diálogo poderia ser crucial na reconstrução dos fatos. O cientista idealizou o sistema que gravasse a comunicação na cabine dos pilotos. A ideia do dispositivo surgiu após o estudo da primeira queda de avião comercial de passageiros no mundo, o Comet, em 1953.
Foi no final dos anos 60 que o gravador de voo viria a ser essencial em rotas comerciais. Deste então, a indústria de helicópteros, navios e trens também passou a desenvolver equipamento semelhante. A maioria dos modelos tem o tamanho médio de uma caixa de sapato e pesa cerca de 5 quilos.
Os principais tipos:
• Flight Data Recorder (FDR)
Gravador de Dados de Voo - equipamento com a função de gravar dados dos diversos sistemas das aeronaves e foi projetado para resistir às diversas condições do acidente aeronáutico.
• Cokpit Voice Recorder (CVR)
Gravador de Voz de Cabine - é o dispositivo usado para gravar os sons das comunicações feitas no cockpit da aeronave de acordo com os respectivos canais de comunicação: canal do piloto com o controle de tráfego, canal do piloto com o copiloto, canal do piloto com a cabine de passageiros/comissários e canal geral do ambiente da cabine de pilotagem.
• Cockpit Voice and Data Recorder (CVDR)
É uma espécie de junção do CVR com o FDR em um único dispositivo de gravação. Normalmente, é capaz de armazenar duas horas de áudio, em alta qualidade, em quatro canais simultâneos e permite o armazenamento de no mínimo 25 horas para os dados de voo.
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