Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

Neste mês (04/07), a prevenção ganhou visibilidade pela iniciativa de um grupo de jovens pilotos, que reuniram amigos e colaboradores para a realização do primeiro Seminário Aeronáutico do Aeroclube de Santa Cruz do Sul, localizado no município gaúcho que empresta o nome à instituição, distante aproximadamente 150 quilômetros de Porto Alegre.

Cerca de 140 profissionais da aviação se encontraram em um hangar improvisado, das 8h30 às 17h30, em pleno sábado, deixando de lado outros afazeres, para priorizar a informação de Segurança de Voo. Eles desenvolveram conhecimentos aliados às boas amizades que se refletem na segurança das operações aéreas influenciando diretamente na formação de futuros pilotos que se preparam para ingressar na carreira.

Para o chefe do SERIPA V, Tenente-Coronel Aviador Luís Renato Horta de Castro, o seminário foi o resultado de parcerias, empenho organizacional e a crença no propósito da Segurança de Voo em benefício da sociedade em geral. "Que as restrições financeiras nunca sejam justificativas para que o verdadeiro profissionalismo esmoreça" , declarou.

O exemplo de dedicação e profissionalismo recebeu o irrestrito apoio do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V), que  também contou com a adesão da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), e da Faculdade de Ciências Aeronáuticas, por meio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Palestras - O checklist e ocorrências relacionadas foi a palestra proferida pelo Tenente-Coronel Renato, que mostrou desde a origem, evolução e a contribuição do checklist para a Segurança de Voo, com estudos de casos reais. O palestrante alertou para a necessidade de respeitar tais parâmetros na interface homem-máquina, cuja inobservância pode resultar em graves ocorrências.

As aeronaves, a exemplo dos carros, saem de fábrica com um manual específico e uma série de recomendações sobre como operar corretamente sistemas e equipamentos, gráficos de desempenho entre vários aspectos referenciados pelo fabricante. Embora tais procedimentos sejam padrão na operação de determinado tipo de aeronave, ainda não são obrigatórios, segundo os regulamentos vigentes do órgão regulador brasileiro.

- A decisão de seguir manuais fica por conta da conscientização e comprometimento de cada profissional, afirmou o Chefe do SERIPA V.

A coordenadora e instrutora da Aeromest, de Santa Catarina, Karen Fagundes, discorreu sobre a Segurança de Voo e suas ferramentas para padronização. Os altos índices de acidentes revelam amadorismo nas operações aéreas. Segundo a palestrante, a evolução está nas mãos dos profissionais, que precisam compreender como seus alunos aprendem para ensinar a aplicação correta das ferramentas de padronização, por meio do brifim e debrifim, coordenação, anúncios, inspeção pré-voo e outros.

O professor Jair Putzke, autor do livro sobre métodos de ensino de Santos-Dumont, falou sobre a sobrevivência na selva para tripulantes. O pesquisador destacou a necessidade de sobreviver em condições adversas pela capacidade criativa do ser humano. Encontrar alimento, abrigo, fogo, água, quando em situação de isolamento em ambiente inóspito que pode levar horas, dias e meses para o resgate chegar.

A estrutura do teste de inglês segundo a OACI (Organização de Aviação Civil Internacional) foi o tema desenvolvido pelo especialista Maurício Botti, que  focou em linhas gerais como é feito o teste exigido pela OCI, desde os tópicos e graus de interesse da avaliação, fluência e proficiência até os métodos ideais de aprendizagem da Língua.

Já a palestra sobre a influência do clima espacial na aviação  ficou por conta de Cristiano Sarzi Machado,  do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos-SP, que trouxe as interferências do clima espacial no entorno da Terra, na utilização de sistemas tecnológicos, operação de aeronaves, transmissão de ondas de rádio e seu poder de influência na saúde humana.

Durante o seminário foi realizado o lançamento do livro “ALBERTO SANTOS DUMONT como modelo para trabalhos com o método científico”, escrito pelo professor Jair Putkze, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O livro aborda a temática dos métodos de ensino do “Pai da Aviação” e mostra inventos considerados ainda pouco conhecidos. Foram criadas réplicas dos “14 Bis” e do “Demoseille”, inventos que projetaram Santos-Dumont no meio aeronáutico internacional.

O sucesso do Seminário Aeronáutico surpreendeu os organizadores que já pensam na segunda edição do evento. De acordo com o chefe do SERIPA V, o exemplo de mobilização merece ser seguido por outras entidades. "O engajamento de todos produz resultados satisfatórios e eleva os níveis de prevenção em prol da segurança aérea", afirmou.