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Página inicial > Últimas Notícias > SERIPA V : aprovação leva EPIA para Santa Catarina
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Pela primeira vez, no Sul do Brasil, a comunidade de Aviação de Instrução se reuniu para discutir temas específicos da categoria. O encontro ocorreu no Estágio de Padronização de Instrução Aérea (EPIA), promovido pelo Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - SERIPA V, entre os dias 1 e 2 de junho, com a parceria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

O Tenente-Coronel Aviador Luís Renato Horta de Castro, Chefe do SERIPA V, manifestou a satisfação pelo sucesso do evento. Ele destacou a participação de várias entidades, bem como a experiência dos profissionais que elevaram o nível dos debates na abordagem das principais dificuldades enfrentadas pelo setor. "Uma oportunidade para ouvir as demandas do segmento que é a base da aviação civil brasileira”, afirmou.

Cerca de 200 instrutores de voo, alunos e dirigentes de aeroclubes e escolas de aviação se uniram em torno do objetivo comum de voar seguro. O EPIA em vários momentos se transformou em um fórum de debates, com intervenções, depoimentos e trocas de experiências enriquecedoras para todos os participantes, que demonstraram sua total aprovação ao evento.

Em reunião de avaliação do Estágio, que aconteceu nesta quarta-feira (3/6), os investigadores do SERIPA V já começaram a trabalhar nos ajustes para a próxima edição do EPIA, que deverá ocorrer no mês de agosto na capital de Santa Catarina. A data para a inscrição será divulgada oportunamente neste espaço.

O EPIA surgiu em razão de estudos e constatações nas ocorrências aeronáuticas investigadas, cujos fatores contribuintes se mostraram recorrentes. O Chefe do SERIPA V entendeu a necessidade de promover o debate  para motivar a padronização da instrução aérea.

O Estágio, que visa melhorar o ensino-aprendizagem de instrutores e alunos, contribui sobremaneira para a profissionalização daqueles que concorrem diretamente na formação do piloto do transporte aéreo brasileiro.

Padronização - No segundo dia do Estágio, dando continuidade ao ciclo de palestras, a Capitã Aviadora Camila Bolzan explicou o "Preenchimento da Ficha de Voo" quanto aos conceitos, princípios e descrições referentes  ao papel do instrutor frente ao desempenho do aluno. A palestrante alertou para a importância da Ficha que pode se transformar em documento de interesse do judiciário, se houver um acidente.

O Chefe da Investigação do SERIPA V, Capitão Aviador Vinícius Martini Perez, discorreu sobre as técnicas na execução do "Brifim e Debrifim", quanto ao planejamento  para atender os objetivos do voo, que leva em conta o tempo, o tipo de exercício, o conteúdo entre outros aspectos relacionados à evolução do aluno.

À tarde, o Chefe do SERIPA V falou sobre "Aerodinâmica e o Desempenho em Aeronaves de Baixa Performance" associado às ocorrências na Aviação de Instrução. O segundo assunto abordou a "Legislação" sobre casos voluntários e involuntários em que o aeronavegante comete violaçoes à norma.

O Tenente-Coronel Aviador Max Adolfo Nardes destacou "Os Erros mais Comuns na Aviação de Instrução", como forma de elevar o nível de atenção dos tripulantes em relação aos altos índices de fatores contribuintes, tais como julgamento de pilotagem (14%), aplicação de comandos (13%) e supervisão gerencial (12%). Os dados são do CENIPA nos últimos dez anos.

Repercussão - O Estágio já ganhou a adesão do Chefe do SERIPA I, Tenente-Coronel Aviador Marcos Antonio Carvalho de Lima, que veio do Estado do Pará, apenas para conhecer a estrutura do evento. "Surpreendeu-me a identificação e adaptação dos temas focados em pontos críticos da Aviação de Instrução e já decidi promover o EPIA com a participação da Aviação Executiva, Segurança Pública e outros segmentos que lidam com a instrução aérea no norte", declarou o Tenente-Coronel Antonio.

O gaúcho Augusto Gentile, atual coordenador do Aeroclube do Amazonas, possui 1.153 horas de voo, das quais 850 como instrutor. Parte da carreira passou na aviação dos Estados de Goiás e Roraima. “Precisamos de regras que padronizem a instrução aérea, sem deixar margem a interpretações e adaptações particularizadas", declarou.

O médico e piloto Augusto Fonseca da Costa, de Cascavel-PR, perdeu um filho, de 19 anos, em acidente aéreo há cinco meses. Seu testemunho real mostrou a necessidade de fortalecer cada vez mais a Segurança de Voo. “Há muita fantasia por parte do instrutor e aluno que tentam esconder os erros e fingir que está tudo bem”, desabafou.

O instrutor do Aeroclube de Montenegro, Cleiton Narciso, usou de toda a sinceridade para alertar seus companheiros. "É necessário parar de vender carteiras de pilotos para ser um autêntico instrutor de voo”, disparou. Ele alega que no mercado atual, o instrutor está focado em ganhar dinheiro e acumular horas de voo, enquanto o aluno não está interessado na instrução, desde que consiga a sua "carteirinha" de piloto.

"O EPIA  é uma experiência que nos mostra o caminho que vamos percorrer no futuro. Ele agrega conhecimentos para sermos melhores profissionais”, refletiu o estudante do primeiro semestre da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, Rafael de Morais Alves, que, paralelo, faz o curso de Piloto Privado.

Piloto aeroagrícola desde 1982 e proprietário da Empresa Dondé Aviação Agrícola Ltda, em Primavera do Leste-MS, Antonio Carlos Dondé, destacou a importância do EPIA. "Essa padronização é essencial para o futuro da Aviação de Instrução e deveria ser difundida em todo em todo o território nacional”, afirmou.

“Padronizar é aumentar a consciência de instrutores e alunos para a responsabilidade do voo que envolve a vida de outros. Esse tipo de evento eleva a segurança aérea pela divulgação das boas práticas, lembrando que o aluno de hoje será o piloto do transporte aéreo de amanhã”, disse o Gestor de Segurança Operacional e Piloto Comercial Jack Villarpando dos Santos, da Bahia.

Para Otávio Gazineu Cyranka, instrutor de voo de helicóptero, da Escola de Formação de Pilotos, de Belo Horizonte, o EPIA não pode permanecer um evento regional. “Deveria haver um grupo de estudos formado pelo CENIPA, SERIPAs e ANAC para resolverem os problemas mais controvertidos da Aviação de Instrução”, destacou.

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