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Brasília/ DF, 09/04/2015

Duas das maiores empresas de transporte aéreo de passageiros, GOL e TAM, realizaram workshop de gerenciamento do risco de fauna com apoio de profissionais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). A finalidade foi elevar a consciência situacional sobre os passos necessários à redução de probabilidade e severidade das colisões com fauna nos aeroportos brasileiros. As áreas de Operações, Safety (segurança de voo), Manutenção de linha, Qualidade e Seguros estiveram representadas nas duas empresas.

As reuniões ocorreram em São Paulo, nos dias 6 e 7 de abril – cada dia com uma empresa aérea. “O principal objetivo é que os setores de cada organização que conhecem a fundo seus processos internos, também passem a conhecer melhor os diversos aspectos do gerenciamento do risco de fauna. Pois, assim, poderão propor mudanças internas que facilitem a coleta de dados de colisões para alimentar o banco de dados brasileiro”, afirma o assessor de gerenciamento de Risco da Fauna, Tenente-Coronel Aviador Henrique Rubens Balta de Oliveira.

Quando as empresas que realizam mais movimentos aéreos reportam melhor os eventos com fauna e percebem o valor desses dados dentro do contexto do Safety Management System, passam a contribuir de modo mais eficiente para o gerenciamento desse perigo natural do ambiente, considerado pela Federal Aviation Administration um dos principais problemas nos aeródromos em todo o mundo.

Além disso, apoiar o banco de dados nacional reforça o fluxo de informação que operadores de aeródromos utilizam para avaliar riscos e confeccionar Planos de Manejo de Fauna – a serem submetidos à autoridade ambiental –, contribuindo também para reduzir colisões com fauna.

Detalhes da ficha online orientam a prevenção
O banco de dados do CENIPA está disponível na Internet e uma das informações mais importantes de cada Ficha Cenipa 15 é a espécie de fauna envolvida na colisão. Com tal informação é possível identificar fatores atrativos dentro e fora do aeródromo, reduzindo a presença dessa espécie na trajetória de aeronaves. Nem sempre é possível identificar as espécies por fotografias, sendo necessário lançar mão de métodos mais completos como o DNA.

Segundo o Suboficial Luis Carlos Batista Santos, da Assessoria de Gerenciamento do Risco da Fauna, “o passo fundamental para aprimorar o banco de dados e orientar cientificamente os Programas de Gerenciamento de Risco de Fauna (PGRF) nos aeródromos brasileiros é a sedimentação da cultura de reporte entre tripulantes, mecânicos, controladores de tráfego aéreo e pessoal dos aeroportos. Toda informação que chega ao CENIPA é importante para o processo de redução do risco de fauna. Em especial, tripulantes são detentores de dados únicos, que acabam sendo esquecidos quando a Ficha Cenipa 15 não é feita por eles”.

Nas reuniões com as empresas, os militares do CENIPA mostraram que o reporte desses colaboradores é fundamental para localizar eventos de colisões, quase colisões e avistamentos e relacioná-los aos focos atrativos dentro da Área de Segurança Aeroportuária (ASA).


Colisões com fauna geram prejuízos consideráveis
Como a indústria de transporte aéreo é caracterizada por baixos lucros, foi ressaltada a importância do cálculo de custos diretos – inspeções, trocas de peças e mão-de-obra – e custos indiretos – lucro cessante, atrasos na malha aérea, apoio ao passageiro e cancelamento de voos.

Os custos indiretos, por exemplo, são estimados entre US$ 28 e 30 mil por voo nacional cancelado e em US$ 200 mil em voos internacionais. “Estes são os valores conhecidos, mas se levarmos em conta que os operadores nem sempre informam adequadamente os custos, podemos afirmar que o prejuízo das colisões para a aviação brasileira é muito mais alto”, esclarece o Tenente-Coronel Rubens.

Os operadores de aeronaves poderão requisitar o ressarcimento de danos causados por colisões, uma vez que a presença de animais pode decorrer de fatores sob a responsabilidade do operador do aeródromo e do poder público municipal.


Matriz de Risco depende de identificação da espécie
A Resolução CONAMA 466/2015 trouxe diretrizes para elaboração e autorização do Plano de Manejo de Fauna em Aeródromos com base nas informações do banco nacional mantido pelo CENIPA. Foi introduzida metodologia que classifica as espécies de risco e as relaciona com a autorização de medidas de manejo direto, como captura, translocação e até abate.

Segundo o Tenente-Coronel Rubens, “a matriz de risco foi confeccionada por profissionais de Biologia e da Aviação, utilizando textos científicos de autores de referência internacional e pode ser utilizada por operadores de aeródromos de qualquer porte e com qualquer movimento de aeronaves, tanto para autorização de manejo quanto para ações de gerenciamento de risco propriamente ditas”.

Integração entre os responsáveis
Outro aspecto abordado nesses dois dias foi a relação entre Agência Nacional de Aviação Civil, CENIPA e Prefeituras na redução dos focos atrativos no entorno de aeródromos. A proporção da área de responsabilidade direta das prefeituras é sempre superior a 95% da ASA, situação que mostra a importância do poder público municipal para evitar acidentes por colisão com fauna.

O operador do aeródromo, como representante local do setor aéreo, é responsável por coletar dados de fauna por meio de monitoramento na ASA. “Essa ação não substitui a responsabilidade do poder público municipal, prevista na Constituição Federal de 1988. Além disso, o operador do aeródromo é o responsável direto pela redução da atratividade de fauna dentro do sítio aeroportuário”, reforça o Tenente-Coronel Rubens.

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