Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V) encerrou no dia 14 de julho, o Curso de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - Aeroagrícola. O evento, que teve a duração de duas semanas, aconteceu em Canoas, no Rio Grande do Sul, e formou profissionais para atuar na Segurança de Voo de empresas da Aviação Agrícola.
Pilotos, mecânicos, técnicos, proprietários e gerentes da Aviação Agrícola, além de pilotos e mecânicos da Força Aérea Brasileira, foram declarados Elementos Certificados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), considerados aptos para trabalhar pela prevenção de ocorrências aeronáuticas, em qualquer lugar do país.
O Chefe do SERIPA V, Tenente-Coronel Aviador Leonardo Pinheiro de Oliveira, conclamou a todos: “Liguem e façam contato que nós auxiliaremos. Conversem no ambiente de trabalho com seus companheiros e assessorem seus chefes. Nosso papel não é punir, mas apurar os fatores contribuintes de um acidente para que o problema seja corrigido. Tenham em mente que estamos do mesmo lado”, finalizou.
Durante o curso, foram debatidos os mais diversos assuntos no campo do conhecimento, a exemplo de temas como: planejamento operacional, manutenção de aeronaves, violações à legislação, operações heliagrícolas, doutrina de segurança de voo, psicologia aplicada à aviação, combustível e lubrificantes, manuseio de agrotóxicos, aerodinâmica e o desempenho do voo, direito aeronáutico e outros.
Atividades práticas foram desenvolvidas no contato com a realidade da Aviação Agrícola. O exercício de Vistoria de Segurança de Voo, realizado na empresa Taguató Aviação Agrícola, chamou a atenção dos alunos para os pequenos problemas que convivem no dia a dia da organização, enquanto situações críticas que passam despercebidas devido à pressão das operações aéreas.
As dúvidas sobre o Relatório de Prevenção (RELPREV) também foram esclarecidas, por meio de exercício prático de estudo de caso. Os alunos simularam o preenchimento das informações a serem notificadas para o CENIPA, Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e no âmbito das empresas aéreas.
“Por falta de conhecimento, muitos operadores não dão a real importância para situações de potencial risco que podem resultar em acidente aéreo. A simples ausência de sinalização em áreas prioritárias do hangar, bem como o vazamento de combustíveis e a adequada manutenção das aeronaves, são alguns dos exemplos que podem ser prevenidos com medidas simples”, explicou o coordenador do exercício, Suboficial Andre Luís Raimann.
Segurança – O proprietáro da Santa Vitória Aviação Agrícola, o piloto Enio de Cesere, mostrou, em sua palestra, o modelo de gestão implantado na própria empresa, onde a segurança da atividade aérea começa na seleção e admissão do piloto. Ninguém entra na aeronave sem antes passar por um curso de treinamento de adaptação às normas da empresa. Há doze anos no mercado, sem nenhuma ocorrência investigada, ele atribui o “zero acidente” à supervisão gerencial das operações aeroagrícolas.
O orador da Turma, Piloto Agrícola Leonardo Ongarato, oito mil horas de voo, sócio da Empresa Sana Agro Aérea Ltda, chamou a atenção do grupo para a seriedade da prevenção. “Saímos daqui, com a responsabilidade de levar a segurança de voo para as nossas vidas e para as nossas organizações. A partir de hoje, a nossa consciência mudou. A mentalidade da prevenção não é só apontar os erros, mas, sobretudo, mostrar aos demais o caminho da segurança da Aviação Agrícola”, declarou.
De todos os temas abordados no curso, Ronaldo Xavier, Técnico Agrícola na Empresa Taim Aeroagrícola, destacou a importância do relatório de prevenção (RELPREV). “Os pequenos problemas que passam despercebidos no cotidiano da organização podem ser quantificados e reportados para a correção, evitando muitas ocorrências aeronáuticas, com a interrupção da cadeia de eventos”, disse.
O professor Rogério Cardozo, da Faculdade de Ciências Aeronáuticas do Instituto Toledo, de Bauru (SP), está na aviação desde 1981, e aproveitou o período de férias para fazer o curso. “Vim em busca dessa atualização de conhecimentos, extremamente importante, na área de segurança da aviação, que pretendo repassar para os meus alunos”, declarou.
O instrutor de voo, Gabriel Pereira, elogiou a qualidade dos instrutores e o trabalho da coordenação, destacando o nível das palestras pela ampla visão do gerenciamento do risco na Aviação Agrícola. “O curso trouxe informações atualizadas e de credibilidade pela associação da ciência com a prática. Se houvesse uma plataforma online para o aluno acessar antes do curso, isso daria maior dinâmica em sala de aula”, sugeriu.
Para o Capitão Aviador Bruno Israel da Silva, da Força Aérea Brasileira, primeiro colocado no curso, com atuação no Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII), o trabalho da prevenção é mais prazeroso. “A prevenção acontece com hora marcada em congressos, seminários e cursos, enquanto a investigação ocorre inopinadamente e temos que saber lidar com a situação. O curso trouxe essa visão”, afirmou.
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