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Página inicial > Últimas Notícias > Os urubus não são iguais para a aviação
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Os animais são adaptáveis e podem viver em diferentes ambientes. Por vezes, algumas espécies se beneficiam de situações corriqueiras nas aglomerações urbanas, principalmente, no que diz respeito à alimentação. No caso dos urubus, algumas espécies se adaptam bem aos fragmentos de vegetação e à oferta de alimento, decorrentes da falta de planejamento urbano e da ausência de saneamento básico eficiente nas cidades.

Pesquisa recém-publicada na revista científica, The Condor, mostra que os urubus utilizam o ambiente urbano de maneiras variadas. Manaus, na Amazônia brasileira, serve de lar para dois tipos de espécies – o gregário, urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus, Bechstein 1793), e o tímido e solitário, urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura, Linnaeus, 1758). A presença dessas aves tem apresentado problemas, como: a frequência incômoda de grandes grupos em torno do lixo exposto na cidade, a transmissão de diversas doenças e o risco de acidentes aéreos, devido às colisões com fauna na aviação.

Weber Novaes e Renato Cintra, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e autores do artigo, visitaram 80 pontos da cidade para entender como urubus utilizam a paisagem urbana. Registraram as quantidades de cada espécie e os motivos de atração destes animais para cada local. Os autores concluíram que urubus-de-cabeça-preta, causadores de acidentes com vítimas em vários países, devem ser controlados pelo uso adequado do solo urbano.

Os urubus-de-cabeça-preta estão distribuídos por toda a cidade, devido à abundância de material orgânico no lixo depositado de forma descuidada e falta de coleta regular em mercados, igarapés e lixeiras.

Segundo o Tenente-Coronel Henrique Rubens Balta de Oliveira, assessor de risco de fauna do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA): “urubus-de-cabeça-preta têm presença numerosa em várias cidades brasileiras, pois o problema de saneamento básico não é exclusivo de Manaus”.

As colisões e quase colisões de aeronaves com urubus registradas na cidade, entre janeiro de 2011 e junho de 2015, são mostradas na tabela a seguir:


O Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (SBEG) está localizado ao norte da cidade, próximo a áreas preservadas; o Aeroclube do Amazonas (SWFN) está cercado pela malha urbana; e a Base Aérea de Manaus (SBMN), às margens do Rio Negro ao sul da cidade, está próxima de feiras, mercados de peixe, igarapés e diversos pontos de descarte de resíduos com grande quantidade de matéria orgânica disponível.

O Tenente-Coronel Rubens afirma ainda que “é necessário considerar que a média nacional estimada de reportes é de 27%, então, a quantidade de eventos supostamente ocorridos tende a ser quatro vezes maior que os registrados”.

Os pesquisadores concluíram também que os urubus-de-cabeça-vermelha são menos numerosos, sendo encontrados, principalmente, em fragmentos de floresta. Isto se deve, provavelmente, à preferência da espécie por ambientes menos deteriorados e pela maior capacidade de localizar alimento.

Novaes e Cintra, autores do estudo, recomendam a manipulação mais eficiente das fontes de alimento, dentro e fora dos aeródromos, incluindo a educação da população, a regularidade na coleta de lixo e a disponibilidade de lixeiras com tampas que impeçam o acesso das aves às fontes de alimento.

Acesse o artigo completo aqui: www.aoucospubs.org/doi/pdf/10.1650/CONDOR-15-56.1

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