Entre os dias 22 e 27 deste mês os cadetes aviadores da Academia da Força Aérea (AFA) participaram do Estágio de Adaptação Fisiológica (EAF) de uma forma diferente. Eles foram voluntários de duas pesquisas que o Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE), em parceria com a Universidade da Força Aérea (UNIFA), está desenvolvendo com o objetivo de atualizar a doutrina de preparo fisiológico para a nova aeronave F-39 GRIPEN e traçar o perfil de força dos cadetes.
Para e emprego da máxima capacidade operacional do F-39, manobras de até 9 vezes a força de gravidade de forma sustentada, os pilotos, mandatoriamente, precisam aplicar a manobra de resistência às acelerações (Anti-G Straining Manneuver - AGSM) com técnica apurada para garantir sua eficácia e não permitir a redução de fluxo sanguíneo cerebral e evoluir para a perda de consciência induzida pelo G (G-induced Loss of Conciousness - G-LOC).
No entanto, por se tratar de uma tarefa complexa que envolve a coordenação da contração estática de diversos músculos com a respiração em uma cadência e intensidade específicas, a AGSM demanda treinamento e “automatização”. O piloto precisar dominar essa manobra de uma forma que ele não precise pensar em como fazer e apenas executar no momento que precisar.
Nesse sentido os pesquisadores 1º Ten Renato de Oliveira Massaferri (Prof Dr), 1º Ten Andre Brand Bezerra Coutinho (Prof Dr), Thiago Teixeira Guimarães (Prof Dr) (membros do efetivo do IMAE) e o Prof Dr civil Adriano Percival Calderaro Calvo (docente do PPGDHO – UNIFA) vem desenvolvendo pesquisas para delinear os métodos de treinamento que podem produzir melhor aprendizado e retenção do conhecimento com o uso de com a utilização da eletromiografia (EMG).
Com a EMG é possível identificar se o piloto está contraindo os músculos necessários para uma boa realização da AGSM durante sua execução. O que possibilita a autorregulação durante a tarefa, e, logo após o seu término, identificação dos pontos a serem melhorados de forma individualizada para cada piloto. “Acreditamos que com a implementação do treinamento da AGSM com biofeedback por EMG irá trazer informações muito valiosas além de acelerar o processo de aprendizagem e eficácia da manobra. A implementação desse procedimento destaca-se com uma grande inovação para o treinamento fisiológico do IMAE”, afirma o Ten Massaferri.
“A pesquisa realizada permitiu aos cadetes a consolidação do conhecimento teórico visto na disciplina de Medicina Aeroespacial do Curso de Formação de Oficiais Aviadores e experiências durante os voos de combate e de instrução no Estágio Básico do 1°Esquadrão de Instrução Aérea.
Vale destacar que diversos cadetes reportaram que a manobra parecia ser de simples execução nas aulas, porém, quando realizavam sob supervisão individualizada percebiam que estavam cometendo diversos erros que poderiam comprometer a capacidade cognitiva em voo.
Sem dúvidas, a equipe do IMAE acertou em cheio no modelo de treinamento da AGSM para o piloto de caça contemporâneo com vistas a mitigação dos efeitos fisiológicos das cargas acelerativas.” Palavras do Capitão Aviador Isaias de Castro Moura Neto, Chefe do Corpo de Instrutores - Subdivisão de Instrução de Aviação.
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