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Página inicial > Slideshow > HFAG sedia curso de aspectos médicos de assistência e proteção contra armas químicas para 13 países da América Latina e do Caribe
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Brasil é protagonista com a primeira capacitação internacional em âmbito hospitalar realizada no Hospital da Força Aérea do Galeão.

O Curso de Aspectos Médicos em Assistência e Proteção Contra Armas Químicas para Países da América Latina e Caribe (CBRAMED-GRULAC 2022) foi ministrado no período de 23 a 27 de maio de 2022, em cooperação entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), o Ministério da Defesa (MD) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil.

O CBRAMED-GRULAC é coordenado pelo MCTI em parceria com o MRE e o MD e contou com alunos de 13 países da América Latina e Caribe, sendo o primeiro curso de capacitação internacional em âmbito hospitalar, realizado no Brasil.

Espanha, Argentina, México, Uruguai, Equador, República Dominicana, Honduras, Guatemala, Peru, Chile, El Salvador, Panamá e Brasil foram os países representados no curso.

Os assuntos abordados no evento foram aspectos intra-hospitalares relacionados à abordagem de vítimas de armas químicas de guerra e, com a aprovação da OPAQ, o curso foi ministrado em espanhol para 19 alunos, entre eles, três militares das Forças Armadas do Brasil.

A cerimônia de abertura

Várias autoridades militares da Força Aérea Brasileira (FAB) no Rio de Janeiro prestigiaram a cerimônia de abertura do curso: o Major-Brigadeiro do Ar José Madureira Junior – comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR); o Major-Brigadeiro do Ar Fernando Cesar da Costa e Silva Braga - diretor de Administração de Pessoal da Aeronáutica (DIRAP); o Major-Brigadeiro Médico Cloer Vescia Alves - diretor de Saúde da Aeronáutica (DIRSA); a Brigadeiro Médica Carla Lyrio Martins – diretora do HFAG.

Compondo a mesa de autoridades, além do Major-Brigadeiro Madureira e da Brigadeiro Carla, estavam Sérgio Antônio Frazão de Araújo – coordenador-geral de Bens Sensíveis do MCTI; Miguel Albaladejo Pomares – da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ); Daniella Xavier César - ministra de segunda classe do quadro permanente do MRE; o Coronel do Exército Brasileiro (EB) Alexandre M. C. de Vasconcelos – chefe de Operações do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, representando o Ministro da Defesa.

Após as boas-vindas do comandante do III COMAR, a Brigadeiro Carla destacou a dedicação dos profissionais do HFAG que, nos últimos meses, com afinco e abnegação, trabalharam com o objetivo de proporcionar um ambiente adequado para os alunos e organizar uma grade curricular com conteúdo relevante e atualizado, conforme as diretrizes propostas pela OPAQ.

“Motivo de orgulho e júbilo é constatar a confiança e o respeito depositados na FAB, na DIRSA e no HFAG, para conduzir este evento de grande relevância para o cenário regional e internacional. Aproveitem ao máximo todos os conhecimentos gerados e construídos nesse curso” – declarou a Brigadeiro Carla.

Em seguida, Sérgio Antônio Frazão Araújo destacou o papel de cooperação entre as organizações e ressaltou a importância da cooperação entre o Brasil e a OPAQ na capacitação de pessoal dos organismos envolvidos em resposta a emergências químicas de dezenas de países do Grupo de Países da América Latina e do Caribe, bem como da África.

Segundo o MCTI, dois cursos em cooperação com a OPAQ serão ministrados no Brasil ainda no ano de 2022, um deles direcionado para o Exercício de Assistência e Proteção para Países de Língua Portuguesa e outro destinado à Assistência e Proteção para Mulheres das Forças Armadas dos Países Integrantes da Junta Interamericana de Defesa (JID).  

Logo depois, a representante do MRE, Daniella Xavier, relacionou o equilíbrio entre ciência e política e o estreitamento das relações entre os países para se protegerem de ameaças químicas.

Miguel Albaladejo Pomares, da OPAQ, contou sobre a relação de aprendizado e a oportunidade que os participantes do curso irão adquirir para desempenhar o conhecimento e enfrentar na prática os desafios no atendimento a vítimas de agentes químicos.

Sobre o curso

Realizado em conjunto com o Governo do Brasil, o curso tem como objetivo preparar o Estado para uma melhor resposta a emergências químicas em nível regional, de acordo com as recomendações da Terceira Conferência de Revisão sobre a implementação do Artigo X da Convenção sobre Armas Químicas.

A assistência médica em casos de incidentes com agentes de guerra química é abordada no curso, além dos efeitos fisiológicos e quadro clínico de agentes de guerra química, sinais e sintomas de exposição e manejo médico de vítimas expostas a vários agentes de guerra química, bem como medidas atenuantes. Os participantes do curso aprendem como trabalhar com equipamentos de proteção individual e como analisar uma situação para desenvolver e coordenar um plano de resposta eficaz para o tratamento médico de vítimas químicas em campo ou em uma instalação médica de emergência.

A organização

O auditório, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), rancho e salas de simulação de exercício foram utilizados com coordenação planejada e respeitando as diretrizes de distanciamento do Ministério da Saúde e da Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA).

 As aulas teóricas e práticas

Na primeira aula, ministrada pelo representante da OPAQ, os alunos se apresentaram, resumindo suas atuações profissionais. Em seguida, Albaladejo divulgou os aspectos gerais, o histórico dos desarmes químicos e seus principais passos.

Na segunda palestra, o Coronel Alexandre M. C. de Vasconcelos, do MCTI, destacou a implementação da Convenção sobre Armas Químicas no Brasil. Apresentou, ainda, as competências e os resultados do Programa Nacional de Integração Estado-Empresa na Área de Bens Sensíveis (PRONABENS) e suas principais atividades.

Nos dois dias seguintes, foram ministradas as aulas teóricas por instrutores da OPAQ, do MD, da FAB, do EB e da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (FEAM). 

No final de cada dia, instrutores e alunos se reuniam para revisão das aulas e discussão dos temas apresentados.

Os dois últimos dias foram dedicados às aulas práticas, quando os alunos aprenderam a técnica de lavagem em chuveiro e banheira, intubação com uso de máscara, simulação clínica, dinâmica de retirada dos EPI e descontaminação.

Antes da cerimônia de encerramento, os alunos foram avaliados com testes e também tiveram a oportunidade de conceituar o curso e fazer comentários e agradecimentos.

 Alunos estrangeiros

O Capitão de Fragata Bioquímico da Marinha Argentina Emiliano Brandetto revelou que o mais importante do curso foi adquirir conhecimento teórico e ouvir as experiências que o Brasil tem na atenção de eventos de grandes massas: “Foi muito valioso, pois a Argentina nunca atendeu a situações tão grandes quanto os que aconteceram aqui. Estou muito agradecido pelo conteúdo compartilhado pelos militares das Forças Armadas brasileiras neste curso, pois conseguiram transmitir todo o conhecimento e tiveram predisposição para nos passar conceitos tão valiosos. Foi um prazer também dividir com meus amigos latino-americanos nossas experiências e, ainda, pela grande integração e companheirismo vivido nesse período”.

Suboficial benemérito do Corpo de Bombeiros em Guayaquil – Equador – o médico Diego Delgado Desiderio trabalha na divisão especializada de materiais perigosos e é um dos dois alunos que representaram o seu país no evento. “O curso é uma complementação da capacitação de médicos especialistas em emergências QBRN (Química, Biológica, Radiológica e Nuclear) e nos permite conhecer o funcionamento da organização dos outros países da América Latina nessa área. Sou membro da equipe de armamentos químicos do Uruguai e o curso está me ofertando conhecimento profissional e crescimento pessoal. Cada país tem uma normativa e vários anos de trabalho e investimento e foi interessante ter esse conhecimento no evento. Os temas que estudamos aqui me capacitam para bom manejo de pacientes no meu país, que está crescendo e se desenvolvendo em QBRN. Esperamos ter outras oportunidades para continuar nos capacitando pela OPAQ” – relatou o médico uruguaio.

Alunos brasileiros

Representando o Exército Brasileiro, presente a Capitão Médica Veterinária Patrícia Regina Carelli Teixeira da Silva, instrutora da Divisão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear da Escola de Instrução Especializada (EsIE). “Minha expectativa com o curso é agregar conhecimento e valor às nossas instruções, pois participamos da formação não só de oficiais combatentes, mas também de oficiais da área de saúde” – revelou a veterinária.

Da Força Aérea Brasileira, o Tenente-Coronel Médico Humberto Silva Fonseca, supervisor clínico do Centro de Tratamento de Queimados, chefe do Centro de Terapia Intensiva e supervisor químico da unidade cardiovascular do HFAG, estava bastante entusiasmado com a capacitação: “Sei da extrema importância de se aperfeiçoar na área de defesa química, biológica, nuclear e radiológica, principalmente no contexto atual em que nos encontramos no cenário internacional” – defendeu o médico.

A Marinha do Brasil teve o Capitão-Tenente Médico Leandro Gurgel Silva, do Centro de Medicina Operativa como representante no curso. O militar é instrutor e, também, responsável pela Divisão de Ensino e Atualização no que diz respeito à medicina tática e medicina de combate. “Minha expectativa com o curso é a melhor, visto que no cenário atual estamos enfrentando uma guerra híbrida e assimétrica, temos que nos atualizar cada vez mais, para aumentar as capacidades de defesa, principalmente no que diz respeito ao âmbito da Marinha do Brasil. Acredito ser este um ótimo momento para trabalhar a interoperabilidade entre as Forças e os diversos países que aqui estão representados” – avaliou o militar.

A capacitação

Os alunos foram capacitados a definir os efeitos fisiológicos dos agentes de guerra química (CWA), os sinais e sintomas de exposição, descrever o quadro clínico da intoxicação com CWA e discutir os efeitos agudos e crônicos para a saúde.

Outros aspectos abordados no curso foram o tratamento médico das vítimas expostas a vários CWA; descrever os conceitos de contramedidas médicas, incluindo terapia com antídotos e vias de tratamento avançadas.

Os alunos poderão, ainda, explicar os princípios de contramedidas médicas, triagem, sistema de resposta a emergências e planos de emergência hospitalar, operar com equipamento de proteção individual (EPI) e demonstrar procedimentos de primeiros socorros, usando seringa, intubação e administrando antídoto.

E, por fim, os alunos estão aptos a analisar uma situação e, em seguida, projetar e coordenar um plano de resposta eficaz para o gerenciamento médico de vítimas químicas no campo/instalação médica de emergência.

Segundo a OPAQ, o curso representou um fórum de intercâmbio de experiências e serviu de fortalecimento para a criação de capacidades para responder a eventos que envolvam agentes químicos.

A capacitação fortaleceu, ainda, a oportunidade de debates sobre os desafios práticos na construção de um sistema efetivo de respostas a emergências contra agentes químicos.

Reportagem: Daisy Meireles (DECEA)
Fotos: Luiz Eduardo Perez (DECEA) / Weslley Souza (ASCOM/SEAPC/MCTI)
Edição: Cap Rachel Albuquerque (SCSO – HFAG)

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