Barreira de retenção garante segurança de pousos dos caças

22 Novembro 2018 by Portugues 4789 Views
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Para garantir a segurança das aeronaves de combate de todas as Forças Aéreas envolvidas no Cruzeiro do Sul Exercise – CRUZEX 2018, uma equipe do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), da Força Aérea Brasileira (FAB),  instalou uma Barreira de Retenção, na configuração cabo, no final de uma das pistas da Ala 10. No início de novembro, o equipamento foi transportado por uma aeronave C-130 Hércules da Ala 2, em  Anápolis (GO), para Natal (RN).

As Barreiras de Retenção da FAB são empregadas para apoiar a operação de aeronaves de caça, e são dimensionadas para atender aos requisitos de velocidade desses aviões. Na CRUZEX 2018, estão em operação aeronaves de combate A-1, A-4, F-5M, F-16 e Mirage 2000, que podem utilizar as barreiras em caso de necessidade.

“Caso uma aeronave de combate não consiga reduzir sua velocidade no comprimento de pista disponível, por meios próprios, num pouso ou numa decolagem abortada, entra em ação a Barreira de Retenção, que realizará a parada segura da aeronave em situação de emergência”, explica o Tenente Engenheiro Mecânico Daniel Buch.

“Todo o trabalho, tanto de instalação, quanto de desinstalação, requer aproximadamente seis dias de trabalho, que pode ser dificultado pela exposição às condições climáticas inerentes ao trabalho em campo aberto”, aponta o Tenente Buch.

A instalação na Ala 10, no entanto, foi realizada em quatro dias, devido à estabilidade da meteorologia no local. “O quarto dia foi integralmente dedicado à realização de um procedimento conhecido como Proofloading, em que uma carga de aproximadamente 18.000 lbf (8.165 kgf) é aplicada nas fitas, que são os componentes que conectam o cabo ao sistema de frenagem”, explica o oficial.

O cabo é a interface que conecta a aeronave em emergência à Barreira de Retenção e o Proofloading é empregado para distender previamente as fitas, reduzindo seu efeito elástico. O procedimento serve também para avaliar o sistema de frenagem e a rigidez da instalação realizada. Instalados em ambas as laterais da pista, dois módulos de nove toneladas comportam roldanas que guardam a fita de 300 metros.

O Suboficial Wanderley Eleutério, um dos integrantes da equipe responsável pela barreira, conta que o sistema é verificado diariamente para garantir que esteja sempre em condições de uso. “Nós checamos o tensionamento do cabo, os sistemas de frenagem e hidráulica, as cargas de bateria e de nitrogênio e os motores”, enumera. “Nossa equipe é a primeira a chegar e a última a ir embora, pois precisamos deixar o sistema pronto para a chegada dos aviões e não o desinstalamos até o último caça decolar ao término do exercício”, completa.

Saiba mais

As Barreiras de Retenção são a combinação de um mecanismo de frenagem e um dispositivo de engajamento, que pode ser um cabo, uma rede ou, ainda, a combinação dos dois dispositivos. O cabo exige que a aeronave seja equipada com o gancho de arrasto, que se conecta ao cabo quando acionado. Já a rede permite o engajamento de aeronaves com ou sem o gancho de arrasto.

As Barreiras de Retenção ainda podem ser classificadas quanto ao seu modo de instalação como sendo fixas ou móveis, conhecidas como Barreiras de Retenção de campanha, que é o caso da instalada no Exercício CRUZEX. Elas não exigem fundações específicas para instalação e possuem sistemas que auxiliam na sua mobilidade, permitindo seu transporte nos diversos modais. Estes equipamentos são empregados quando há a necessidade de operar as aeronaves de combate em aeródromos não equipados com Barreiras de Retenção. Sua instalação é feita por meio da instalação de estacas numa configuração específica, que dependerá do solo e da forma de emprego do equipamento.

Já as Barreiras de Retenção fixas são empregadas em aeródromos da FAB onde são sediados os esquadrões que operam as aeronaves F-5M e A-1. São equipamentos que exigem uma fundação específica para sua instalação e não têm sistemas de mobilidade.

Reportagem: Tenente Emília Maria

Fotos: PAMA-SP e Sargento Johnson Barros