Inaugurado em 24/05/1946
As palavras "nosso velho e querido comandante Fontenelle", denotam o carinho que os Cadetes da Aeronáutica tinham pela figura do então Cel Av Henrique Raymundo Dyott Fontenelle, que comandou a Academia no período de 1941 a 1946.
No entanto, a história de Fontenelle no militarismo começou em setembro de 1911 quando ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro/RJ, onde foi declarado aspirante-a-oficial em abril de 1915. Promovido a segundo-tenente em janeiro de 1917, tornou-se piloto dois anos depois e alcançou o posto de primeiro-tenente em junho de 1921. Tendo sido transferido em novembro de 1927 da arma de infantaria para a de aviação, recebeu no ano seguinte a patente de capitão, passando a comandar a esquadrilha mista composta de aviões Breguet XIX.
Em 1930 fez o curso de aperfeiçoamento de aviação, diplomando-se piloto observador metralhador militar e recebendo o comando de uma esquadrilha de aparelhos Potez-25 Toe. Com a criação do Correio Aéreo Militar em 1931, passou a integrar essa nova unidade, que imprimiu importante impulso à aviação brasileira. No ano seguinte participou dos combates contra a Revolução Constitucionalista de São Paulo, comandando o destacamento de aeronaves de Resende e realizando grande número de missões de guerra.
Em junho de 1933 foi promovido a major, passando a comandar o 2º esquadrão do 1º Regimento de Aviação (1º RAv), sediado no Rio de Janeiro/RJ, onde atuou sob a liderança de Eduardo Gomes, comandante do regimento. Entre fevereiro de 1934 e janeiro do ano seguinte, empreendeu, juntamente com o piloto norte-americano Clark Carr, um longo vôo, considerado na época um “arrojado raid”, saindo do Rio de Janeiro até o rio da Prata e daí, através dos Andes e da América Central, até Nova Iorque. Em maio de 1935 participou da esquadrilha que acompanhou Getúlio Vargas em sua visita à Argentina e ao Uruguai.
De volta ao 1º RAv, participou da repressão à revolta comunista de novembro de 1935 que atingiu no Rio a Escola de Aviação Militar (EAvM), no Campo dos Afonsos/RJ, além do 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha. Com o capitão Armando Perdigão, auxiliou o tenente-coronel Ivo Borges na condução das tropas de reforço no ataque à EAvM.
Em 1937 tornou-se subcomandante do 1º RAv e dois anos depois foi transferido para, EAvM, onde foi adjunto de instrução, instrutor e chefe de instrução de pilotagem, tendo dirigido a realização de inúmeras obras de melhoramento e ampliação da escola. Nesse estabelecimento de ensino iniciou longa carreira de formador de gerações de pilotos militares.
Em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, transferiu-se do Exército para esse novo ramo das forças armadas, ao assumir o comando da então Escola de Aeronáutica (EAer), à época instalada no mesmo Campo dos Afonsos/RJ, que veio substituir as escolas de aviação militar e naval, então extintas. Nesse célebre momento fez o seguinte discurso:
"A vós, Cadetes do Ar, muito tenho a dizer, mas naturalmente, não será hoje nem amanhã. No nosso convívio diário não nos faltará oportunidade para conversarmos melhor e mais proveitosamente. Ser aviador torna-se a aspiração máxima de toda a mocidade viril, e prepará-los deve ser uma das mais sérias preocupações dos governos bem avisados.
Por todos esses motivos eu vos felicito, meus jovens companheiros do ar. Lembrando-vos que do avião sois a alma e do predomínio deste depende hoje os destinos do mundo".
Essas palavras demonstram a importância dos Cadetes do Ar, da EAer, do Campo dos Afonsos/RJ, para Fontenelle que ao final de seu comando em 24 de maio de 1946, já era considerado como um pai para os Cadetes do Ar, devido esse sentimento paternalista com o qual tocou o coração daqueles que ensinou e liderou ao longo de sua gestão.
Por ocasião da passagem de comando da Escola de Aeronáutica (EAer), o Cadete Geraldo Monteiro, Presidente da Sociedade dos Cadetes do Ar, dirigiu-se ao novo comandante da EAer, Brigadeiro do Ar Vasco Alves Secco, para solicitar a autorização para presidir uma homenagem dos Cadetes do Ar ao seu velho comandante.
Prontamente, o Brig Ar Secco atendeu a solicitação e convidou o Cel Av Fontenelle à nova biblioteca na EAer, no Campo dos Afonsos/RJ, que ao se dirigir até lá, caminhou entre alas de Cadetes ao som do Hino dos Cadetes do Ar.
Em poucas palavras, o Cadete Monteiro manifestou o motivo daquele ato que era a inauguração do busto de bronze do velho Comandante que por ali havia passado e inspirado a nova geração de aviadores da EAer.
Com a mudança da EAer, atual Academia da Força Aérea, do Campo dos Afonsos/RJ para a cidade de Pirassununga/SP em 1971, a escultura em bronze representando a figura do antigo comandante da EAer, Cel Fontenelle foi trazida para a nova sede e dá seu nome ao campo de aviação da Academia, mas conhecido como Aeródromo Campo de Fontenelle.
Fontes: Almeida, Thiago Garcia de. Monografia sob o título: Símbolos e Tradições Militares - Pirassununga/SP: AFA, 2011.
FGV, CPDOC, acessado em 16/11/2022, sob o link: [https://www18.fgv.br//cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/henrique-raimundo-dyott-fontenelle].
INFORMAÇÕES EXTRAS |
||
Nome Completo | Henrique Raimundo Dyott Fontenelle | |
30/03/1894 | Rio de Janeiro/RJ | ||
15/05/1962 | Rio de Janeiro/RJ | ||
Filiação | Alexandre Dyott Fontenelle Francisca Reis Viana Fontenelle |
|
Último Posto | Marechal do Ar | |
Horas de Voo | PBY Catalina - 1000 horas de voo | |
Unidades onde serviu | Escola Militar do Realengo Escola de Aviação Militar (EAvM) Correio Aéreo Militar Destacamento de Aeronaves de Resende 1º Regimento de Aviação (1º RAv) 1º/2º Grupo de de Aviação de Patrulha em Belém/PA 1ª Zona Aérea em Belém/PA 3ª Zona Aérea em Belém/PA |
Redes Sociais