BRASIL
HISTÓRICO
O Sonda III, foi o terceiro foguete da família Sonda, cujo desenvolvimento teve início em 1970, seguindo na mesma estratégia do Sonda II, ele era bem parecido, na concepção geral, com o foguete canadense Black Brant IV da Bristol Aerospace, no entanto com uma certa influência Francesa e usando como segundo estágio o mesmo motor do modelo Sonda II.
Em fevereiro de 1976, ocorreu o seu primeiro lançamento, cujo segundo estágio era inerte (sem propelente ativo). Enquanto, o veículo completo foi lançado apenas em setembro daquele ano. Até 2001, foram realizados trinta voos, lançando ao espaço variadas cargas úteis nacionais e estrangeiras para experimentos. A última viagem ocorreu em maio de 2002. A condução desse projeto se fez em bases mais avançadas que o SII, pelo engenheiro Jayme Boscov que havia regressado ao Brasil após nove anos de trabalho no desenvolvimento de foguetes na França.
De acordo com Boscov, as principais conquistas alcançadas com esse veículo foram:
- • Desenvolvimento do propulsor do primeiro estágio, com 557 mm de diâmetro;
- • O tratamento térmico do envelope motor passou a ser feito na Wotan, no Rio Grande do Sul. A empresa ainda hoje dispõe de forno vertical, mais propício, por induzir menos deformações que os formos horizontais;
- • Desenvolvimento e produção do respectivo bloco de propelente;
- • Projeto aerodinâmico de uma configuração mais complexa, envolvendo dois jogos de empenas. As empenas do segundo estágio são necessárias porque a separação ocorre dentro da atmosfera. Sem elas, o segundo estágio seria estaticamente instável;
- • Desenvolvimento do sistema de separação de estágio (parafusos explosivos);
- • Desenvolvimento de equipamentos eletrônicos, para permitir o monitoramento do comportamento do veículo em voo;
- • Desenvolvimento de itens pirotécnicos.
O SIII realizou voos importantes para os desenvolvimentos tecnológicos e científicos nacionais ao transportar experimentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de parceiros internacionais. Em particular, o experimento Instrumentação gerou muitos frutos que merecem registro.
O desenvolvimento da família de cargas úteis do projeto Instrumentação foi realizado no próprio Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), com o objetivo principal de controlar em atitude um corpo no espaço. Essas ações seriam precursoras para o futuro controle de atitude dos foguetes. O controle com atitude da carga útil se fez por meio de seu apontamento solar. Para tanto, a carga útil era equipada com os seguintes sistemas:
- • Sensores ópticos para os apontamentos grosso e fino;
- • Sistema de gás frio (nitrogênio) para a geração do torque de controle;
- • Rede elétrica de controle, para processar as informações dos sensores ópticos e comandar o sistema de gás frio, obtendo assim o apontamento desejado;
- • Sistema de telemetria para processamento e envio ao solo das informações de bordo; e sistema de recuperação da carga útil no mar.
Em linhas gerais, o funcionamento do sistema é descrito a seguir:
- • Após a separação do segundo estágio, era ejetada a ponta da coifa para liberar a visada do sistema solar de apontamento fino. Também eram liberadas as proteções dos quatro sensores de apontamento solar grosso, instalados na região cilíndrica da carga útil;
- • O sistema de controle passava a ler a resposta dos sensores de apontamento grosso e comandava a abertura de válvulas de gás frio. Os jatos de gás criavam torques em torno do cg da carga útil e a movimentavam angularmente até que as leituras dos quatro sensores solares se tornassem iguais, dentro do nível de erro daqueles sensores;
- • Atingida aquela situação, o sensor fino já passava a ver o Sol. Daí em diante o controle passava a se basear somente na leitura deste último sensor, e a carga útil prosseguia voando apontada para o Sol, até a reentrada na atmosfera e até o esgotamento do reservatório de gás frio;
- • Após a reentrada na atmosfera, era liberado o sistema de paraquedas e eram ejetados marcadores de água para facilitar a identificação do ponto de impacto da carga no mar na busca pelo Bandeirante de Patrulha da Marinha. Este avisava a corveta da Marinha sobre a posição exata da carga, que finalmente era resgatada e analisada em laboratório.
A Instrumentação 04, que cumpriu sua missão com sucesso em 23 de agosto de 1979, encontra-se em exposição no Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB).
A família de foguetes de sondagem brasileiros, Sonda e seus componentes foram empregados no desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), um modelo de foguete desenvolvido no Brasil com a finalidade de colocar satélites na órbita da Terra.
Fonte: Palmerio, Ariovaldo Felix. Introdução à Tecnologia de Foguetes. São José dos Campos/SP: SindCT, 2017.
FICHA TÉCNICA |
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Massa da Carga Útil | 60 Kg | |
Massa na Decolagem | 1.615 Kg |
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Comprimento Total | 6,71 M | |
Apogeu | 700 Km | |
Tempo de Microgravidade | 750S | |
1º Estágio | S-III | |
Motor | S30 | |
Diâmetro Externo | 557 Mm | |
Tempo de Queima | 29 S | |
Comprimento | 3,48 M | |
Massa de Propelente | 864 Kg | |
Massa Estrutural | 347 Kg | |
Empuxo no Vácuo | 95 kN | |
2º Estágio | S-III | |
Motor | S20 | |
Diâmetro Externo | 300 Mm | |
Tempo de Queima | 22 S | |
Comprimento | 2,98 M | |
Massa de Propelente | 249 Kg | |
Massa Estrutural | 94 Kg | |
Empuxo no Vácuo | 32 kN | |
INFORMAÇÕES EXTRAS |
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Período de Atividade | 1976 - 2002 | |
Designação | S III | |
Número de Voos | 23 Operações | |
Emprego | Sondagem Aeroespacial | Experimentos | |
Operações | 25/02/1976 - SERIDÓ 21/09/1976 - IPIRANGA 31/03/1977 - FORTE COIMBRA 19/10/1977 - BAGATELLE 26/04/1978 - TIRADENTES 27/09/1978 - CAXIAS 23/08/1979 - FERNANDO DE NORONHA 27/08/1980 - PAULO FREITAS 10/12/1980 - SÃO PAULO 22/12/1980 - TEFFE 30/06/1982 - HUMAITA 08/09/1982 - CRUZEIRO DO SUL 13/09/1982 - CRUZEIRO DO SUL 17/09/1982 - CRUZEIRO DO SUL 18/09/1982 - CRUZEIRO DO SUL |
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01/07/1983 - MANICORÉ 31/08/1983 - WALLOPS 11/11/1983 - WALLOPS 26/07/1984 - BOA VISTA 11/12/1985 - BARREIRA DO INFERNO 31/10/1986 - QUELUZ 30/11/1990 - MANIVAL 29/04/1991 - TAPEREI 31/05/1992 - PEPITAL 17/11/1993 - PACURUÍ 12/10/1995 - CLBI 30 18/12/1995 - PERI-AÇU 11/11/1996 - RIO GRANDE 23/05/1998 - CARUARU 16/12/2000 - ALECRIM - PSO 12/05/2002 - PARNAMIRIM |
LOCALIZAÇÃO
Na rotatória próximo ao Corpo de Cadetes da Aeronáutica (CCAer). Clique no mapa para obter rota.
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