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Síntese histórica do Instituto de Psicologia da Aeronáutica

 

O Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA) tem por missão desenvolver ações nos diversos campos da Psicologia, oferecendo o respectivo suporte especializado às Organizações Militares e ao pessoal pertencente ao Comando da Aeronáutica. Como órgão central do SISPA (Sistema de Psicologia da Aeronáutica), o Instituto gerencia, coordena, supervisiona e realiza o controle técnico de todas as atividades de Psicologia da Força Aérea Brasileira.

Durante 49 anos, o IPA permaneceu sediado no Prédio do Comando da Aeronáutica (PREDCOMAER), localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. No dia 15 de junho de 2016, o IPA foi transferido para o centenário Campo dos Afonsos, ficando sediado no campus da Universidade da Força Aérea (UNIFA).

Os registros iniciais indicam que, ainda na década de 1940, ou seja, paralelamente à criação da própria Força Aérea, foram dados os primeiros passos na direção do delineamento de um serviço de Psicologia na Aeronáutica, o que possibilitou a ativação do Serviço de Seleção e Orientação (SESO), no ano de 1967, conforme Portaria nº 018/GM3, de 14 de março de 1967, publicada no DOU de 22 de março de 1967 e no Bol. EMAER nº 3, de 31 de março de 1967.
O Coronel Aviador Rui Bandeira de Abreu foi o primeiro psicólogo militar da Força Aérea Brasileira, responsável pelo Serviço de Psicometria da FAB. Em 1967, houve a criação do SESO, que ficou subordinado, inicialmente, à Diretoria de Ensino da Aeronáutica e teve, como primeiro Chefe, o Coronel Aviador Nelson José de Abreu do Ó de Almeida, que recebeu a atribuição de estudar as bases técnicas e científicas que norteariam a seleção de candidatos aos cursos oferecidos pela Força Aérea Brasileira.
Ao longo do tempo, as modificações vivenciadas pela Força Aérea exigiram da Organização uma atuação mais abrangente, que extrapolou os limites da seleção psicológica. Foram realizadas alterações na missão, nomenclatura, estruturação e subordinação, que representaram reflexos diretos da evolução da Força Aérea, que passava a executar atividades mais complexas, operando equipamentos de maior padrão tecnológico. Essas atualizações implicaram o desenvolvimento da Ciência Psicológica na Aeronáutica, de modo que o elemento humano estivesse à altura do que era demandado pela instituição.

Dessa forma, a partir de 1970, as atividades de Psicologia da FAB passaram à subordinação do Comando-Geral do Pessoal (COMGEP). Ainda em 1970, o então SESO deu lugar ao Núcleo do Instituto de Seleção e Orientação (NUISO), conforme Portaria nº 071/GM7, de 8 de outubro de 1970, publicada no DOU de 12 de outubro de 1970. Em 1981, o NUISO transformou-se no Instituto de Seleção e Orientação (ISO), conforme Portaria nº 1138/GM3, de 15 de setembro de 1981, publicada no DOU de 21 de setembro de 1981.
As modificações continuaram sendo realizadas na década de 1980, coerentes com as transformações da FAB. Em 1982, foi aprovado o emblema do ISO, com a sua descrição heráldica, e houve a criação do Sistema de Psicotécnica da Aeronáutica (SISPA), sendo definido o ISO como órgão central da Psicologia na Aeronáutica. Por fim, em 1988, houve a alteração da nomenclatura e atribuições do ISO, que passou a ser denominado Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), conforme Decreto nº 97.138, de 25 de novembro de 1988, publicado no DOU de 28 de novembro de 1988.

Profissionalismo e conhecimento técnico elevado possibilitaram ao IPA a participação em diversos eventos de relevância nacional. Em 2003, militares do IPA foram engajados nas atividades de investigação relativas ao acidente com o Veículo Lançador de Satélite (VLS), ocorrido no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Em 2011, representantes do Instituto acompanharam as tropas da Força Aérea que integraram o Contingente Militar Brasileiro da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), com o objetivo de prestar apoio psicológico para os militares daquela missão. Em 2013, o IPA foi acionado novamente para colaborar nas atividades de suporte psicológico aos militares e familiares das vítimas do incêndio ocorrido na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul.

Desde 2020, o acompanhamento psicológico tem sido especialmente prestado aos militares da FAB que são desdobrados para Missões de Paz da ONU, a partir da utilização de técnicas de seleção, prevenção e posvenção em relação aos aspectos psicossociais envolvidos em uma missão desta natureza. Desta forma, objetiva-se a excelência técnica e operacional, garantindo que o desempenho destes militares antes, durante e após a missão seja efetivo e eficaz, sem prejuízo da segurança e saúde ocupacionais dos mesmos.

A Operação Acolhida, que está em curso desde 2018, foi criada em decorrência do fluxo migratório intenso de venezuelanos na fronteira entre os dois países, com vistas a prestar auxílio humanitário aos imigrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade, refugiados da crise que acomete a República Bolivariana da Venezuela. A participação do Instituto de Psicologia da Aeronáutica na Operação acontece desde janeiro de 2022. A partir de então, para todos os contingentes, tem sido designado um psicólogo deste Instituto para prestar suporte psicológico aos militares do Exército, Marinha e da Aeronáutica que estão na Operação, visando assim, garantir o apoio emocional e o bem-estar destes para o sucesso e eficácia da missão.

Em 2023, pela primeira vez, o IPA assessorou o Conselho Operacional da Academia da Força Aérea no processo de escolha das Aviações para os concludentes do Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV), realizando a avaliação psicológica em 93 Cadetes. A avaliação dos Cadetes consistiu na realização de entrevistas individuais e aplicação de uma bateria de testes psicológicos para avaliar características de personalidade e aptidões cognitivas.

Também no ano de 2023, o IPA contribuiu para a ação interministerial de repatriação de brasileiros que se encontravam em Israel, denominada Operação Voltando em Paz. Em iniciativa inédita da FAB, psicólogos foram enviados para compor as equipes de saúde a bordo das aeronaves KC-30, KC-390 e VC-2. A atuação dos profissionais de saúde mental, coordenada pelo IPA e pela DIRSA, consistiu em prestar suporte psicológico tanto para os brasileiros que estavam sendo repatriados, quanto à tripulação envolvida na operação.  Tratando-se de um cenário real de guerra, as ações visaram identificar pessoas que estivessem em sofrimento emergencial, para promover o gerenciamento emocional, evitando a instalação de um quadro crítico mais grave. A inclusão dos psicólogos na tripulação foi de suma importância para o sucesso da missão. O trabalho dos doze psicólogos, distribuídos nos dez voos de repatriação, rendeu ao menos 65 atendimentos de crise e incontáveis ações de suporte psicológico.

Atualmente, o Instituto realiza, cada vez mais, atividades de cunho operacional. Atua de forma efetiva em prol da Segurança de Voo. Compõe Comissões de Investigação de Acidentes Aeronáuticos aliando a contribuição do aspecto psicológico na ocorrência de acidentes aéreos. Contribui com a Prevenção de Acidentes, no âmbito das Unidades Aéreas, realizando atividades relativas a programas específicos como o CRM (Corporate Resources Management - Gerenciamento dos Recursos da Corporação), por meio de instruções sobre habilidades não-técnicas, como liderança, comunicação, consciência situacional e tomada de decisão.

Também com o foco no fortalecimento da operacionalidade, o IPA realiza o Levantamento de Perfil Organizacional (LPO) em diversas Unidades Aéreas, Grupamentos Logísticos e Unidades Administrativas. Este importante trabalho visa identificar, a partir da análise do cotidiano de trabalho da Organização Militar (OM), as potencialidades, necessidades e limitações dos recursos humanos e seus respectivos instrumentos de trabalho, bem como compreender a dinâmica da interação e as condições de trabalho existentes na OM, a fim de promover a promoção da Qualidade de Vida no Trabalho e da Segurança Operacional.

O IPA também coordena o Curso de Psicologia da Aviação (CPAv). O curso pode ser realizado por psicólogos civis e militares da Marinha do Brasil, do Exército e da Força Aérea Brasileira. Forças Aéreas estrangeiras e Instituições civis de outros países também já enviaram participantes para o CPAv, como é o caso da Força Aérea Portuguesa (FAP) e Aviação Civil Peruana e Paraguaia O CPAv tem por objetivo habilitar psicólogos civis e militares para realizarem atividades que possam melhorar o desempenho humano operacional das tripulações, bem como otimizar os níveis de Segurança de Voo das operações.

O Instituto também desenvolve pesquisas que fundamentam as atividades de Psicologia Aplicada. Neste sentido, com o intuito de aprimorar o processo de avaliação psicológica dentro do contexto militar, o IPA está realizando pesquisas inovadoras para a elaboração de um instrumento psicológico próprio, essas pesquisas fazem parte do denominado Projeto Ametista. Após finalizada a pesquisa, o Projeto Ametista viabilizará o aprimoramento da seleção de candidatos para a FAB e, também, dos processes seletivos internos. Assim, o Projeto Ametista consiste na construção de testes psicológicos que possuem a finalidade de medir múltiplas aptidões, inteligência geral e traços de personalidade, durante os processos de seleção externa e interna no Comando da Aeronáutica (COMAER).

O Instituto permanece com a responsabilidade de planejar, coordenar e executar todas as atividades relativas aos Exames de Aptidão Psicológica (EAP), referentes aos Exames de Admissão e Seleção da Força Aérea, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o território nacional.

No que se refere aos cuidados com a saúde mental, o Instituto desenvolve o Programa de Valorização da Vida - PVV, cujas ações ancoram-se em orientar, conscientizar e sensibilizar militares, dependentes de militares e civis do COMAER com a finalidade de gerar atitudes de prevenção. Nesse sentido, o PVV subdivide-se em três módulos, que estão em constante evolução. O primeiro deles consiste na prevenção do suicídio, normatizado pela NSCA 38-17; o segundo na prevenção do uso abusivo de álcool, tabaco e substâncias psicoativas, normatizado pela NSCA 38-21, e o terceiro módulo é o de Apoio Emocional, normatizado pela NSCA 38-22.

O PVV consiste em diversas práticas como: palestras psicoeducativas, desenvolvimento de campanhas mensais alusivas a promoção e prevenção a saúde mental, instruções técnicas específicas para os agentes de psicologia, produção de material educativo. Além disso, ações de posvenção por meio de grupos de acolhimento para os militares impactados pós-ocorrência de um suicídio.

O programa também contempla as notificações em casos de tentativas e suicídios consumados que estão sendo contabilizados por meio de Processamento de Dados Estatísticos, onde todas as informações são tratadas de forma confidencial e ética. O objetivo do Processamento dos Dados Estatísticos é o mapeamento e estudo dos índices de ocorrências na FAB, para minimizar fatores contribuintes e desenvolver estratégias de prevenção.

Dessa forma, percebe-se que o Instituto de Psicologia da Aeronáutica está cumprindo a sua missão, atuando em apoio às organizações e ao pessoal do COMAER. Este é o IPA, no passado e no presente, atuando sempre com profissionalismo e destacado conhecimento técnico, em prol do fortalecimento da operacionalidade da Força Aérea Brasileira.

 

 

 

 

 

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