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Página inicial > Slideshow > O CPBV e as Missões Patrimoniais na Serra do Cachimbo
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Sobrevoando o extremo sul do Pará, em grandes altitudes, nos deparamos com um imenso “oásis verde” à oeste da BR-163 (a Cuiabá-Santarém), destacando-se em meio aos retalhos quadriculados, marrons e verdes, dos pastos e plantações dos latifúndios daquela região do Brasil. Esse colossal “tapete verde”, de tamanho comparável ao estado de Sergipe, com mais de 22 milhões de hectares, é o Campo de Provas Brigadeiro Velloso, ou CPBV, a maior Organização Militar do Brasil.

A “Base Aérea do Cachimbo”, como é conhecida na região, orgulha-se de cumprir sua missão de, além de prestar todo o apoio logístico aos Esquadrões Aéreos que lá operam, preservar a área da União Federal jurisdicionada ao Comando da Aeronáutica. A tarefa é das mais difíceis, pois o efetivo é reduzido e os meios materiais espartanos são utilizados com muita racionalidade.

“Difícil” é um prato servido todos os dias no cardápio do CPBV: é a história dos combatentes, homens e mulheres, que labutam naquele imenso rincão. Seja pela insalubridade dos elementos da natureza, da escassez de meios e serviços para os que vivem na região ou, no caso dos militares que permanecem em regime de 21 dias em Cachimbo e 21 dias em Brasília, pela distância dos familiares...

Os óbices de toda sorte, superados diuturnamente, fazem parte da rotina de Cachimbo desde o início dos anos 50, quando os irmãos Villas-Bôas pousaram numa clareira daquele pedaço de chão pela primeira vez em sua “Marcha para Oeste”, implementada pelo governo de Getúlio Vargas para incentivar o progresso e a ocupação do Centro-Oeste. À época foram recebidos por um grupo de índios Panarás (Krenakarore), os "índios gigantes", alguns com mais de 2m de altura.

Panarás disparando flechas contra o avião dos irmãos Villas-Bôas. foto: Pedro Martinelli

  Primeira foto de um índio Panará

A primeira imagem de um Panará publicada. foto: Pedro Martinelli (início dos anos 70)

Um dos aspectos da missão atribuída ao CPBV é a preservação de sua área patrimonial, que possui um perímetro de mais de 650 kilômetros, em sua maioria delimitado por coordenadas geográficas, re-ratificadas pelo Decreto Presidencial de 12 de março de 2013. Esse aspecto da nossa missão, a de preservar essa área, prevê a repressão contra invasões e consequentes ilícitos ambientais de toda ordem. Grilagem de terras, exploração ilegal de minérios e a extração criminosa de madeiras nobres são alguns exemplos. As “missões patrimoniais”, que têm caráter reservado, são acionadas inopinadamente pela Direção do CPBV baseadas em informantes da região e demais fontes de inteligência disponíveis.

Essas missões, que há vários anos são executadas pelos militares do efetivo do CPBV e, eventualmente, de outras Organizações Militares da FAB, utilizam exclusivamente meios da Força Aérea Brasileira, ao contrário do que, vez por outra, é noticiado pela imprensa, com manchetes de apelo sensacionalista. O resultado da missões patrimoniais, executadas pelo CPBV, são apreensões de maquinário de todo tipo, incluindo tratores, motos, motosseras, etc., em flagrante atividade ilícita dentro do perímetro da Área Militar.

Na maioria das vezes, os verdadeiros responsáveis pelo fomento da atividade criminosa naquela região estão a centenas, milhares de kilômetros de distância...

Feitas as apreensões e/ou prisões, um dos Órgãos Federais com competência para lavrar termos de apreensão e doação, aplicar multas, etc. é o IBAMA. Por vezes, na impossibilidade de se recolher determinado material, a destruição in loco é o destino final do mesmo.

Quando ocorrem essas apreensões dentro da área do CPBV, o IBAMA de Santarém é informado e procede à lavratura dos termos já citados, caso a caso. Isso é rotina, assim como aconteceu em 11 de outubro de 2017 e outras ocasiões, quando o IBAMA foi acionado para lavrar os termos pertinentes quando as apreensões já haviam sido feitas pela FAB. Um trabalho burocrático de incumbência do IBAMA.

No ano de 2017, apesar de ter sido cogitada a hipótese de uma ação conjunta FAB/IBAMA na área do CPBV, esta não ocorreu até a presente data (junho de 2018) principalmente devido aos diversos envolvimentos daquele Órgão Federal na região do Pará.

Por outro lado, ao longo de 2017 e 2018, por diversas vezes o IBAMA solicitou o apoio logístico do Campo de Provas Brigadeiro Velloso para fornecer hospedagem, alimentação e abastecimento de viaturas e aeronaves, que foram prontamente coordenados pela Direção do CPBV e fornecidos àquele Instituto.

Este apoio foi reiteradamente reconhecido pela Direção de Proteção Ambiental (DIPRO), em Brasília, e pela Gerência Executiva do IBAMA de Santarém-PA como essencial e um dos fatores contribuintes de sucesso para operações do IBAMA na região, que ocorreram sempre fora dos limites do CPBV.

Um exemplo recente foi a “Operação Pajé Brabo”, ocorrida em maio de 2018, quando mais de 40 agentes do IBAMA, Polícia Federal e ICMBio ficaram alojados nas dependências do CPBV e de lá partiram para a reserva Munduruku, a 300KM ao norte do CPBV, para reprimir garimpos ilegais, inclusive contando com o apoio de um helicóptero H-60 “Black-Hawk” da FAB.

Os militares que vestem o Azul, homens e mulheres que fazem parte do efetivo do Campo de Provas Brigadeiro Velloso têm muito orgulho de, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, cumprir a missão a eles destinada e contribuírem, muitas vezes anonimamente, para a História do Campo de Provas Brigadeiro Velloso e para a preservação do inestimável patrimônio ambiental da Serra do Cachimbo, bradando com garbo o nosso lema:

 

“Você Luta Como Treinou! No Apoio, a Missão!”

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