Capitão Damalio despede-se da FAB
“Junte-se aos bons!”, dizia um panfleto da Força Aérea Brasileira (FAB), achado por um adolescente nas ruas de sua terra natal.
Para Lucindo Damalio, nascido no dia 8 de maio de 1957, em São João da Boa Vista (SP), o achado fortuito foi o despertar para o desejo de ingressar nas fileiras da Força Aérea.
Ao perseguir um sonho, o jovem Lucindo iniciou, no dia 3 de março de 1976, sua longa e exitosa caminhada profissional nas fileiras da FAB, ao ingressar na Escola de Especialistas de Aeronáutica, o “Berço dos Especialistas”.
Após dois anos de formação técnico-especializada no curso de Topografia, o então Terceiro-Sargento Damalio, seguiu rumo à Amazônia, apresentando-se na Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), no dia 4 de janeiro de 1978.
Após percorrer todas as graduações, permeadas de intensa capacitação profissional e acumulando profundo conhecimento da região amazônica, o Suboficial Damalio foi nomeado, em 14 de maio de 1999, Segundo-Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica, após concluir Estágio de Adaptação ao Oficialato, realizado no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR).
Em novo ciclo na COMARA, agora como Oficial, atuou como chefe de diversos Destacamentos de Engenharia da COMARA, executando obras em inúmeros aeródromos, dos quais merecem destaque, as obras realizadas em Jacareacanga-PA (1999) e Eirunepé-AM (2005-2006), onde recebeu, face aos relevantes serviços prestados, o Título de Cidadão Honorário de tais cidades.
Durante a obra do aeródromo de Eirunepé, por exemplo, surgiu um grande desafio: a construção da cerca patrimonial, de quase 10 km de extensão, estava situada em área alagadiça e pantanosa, impossibilitando o acesso das máquinas. Após algumas reuniões em busca da solução, surgiu a ideia de usar canoas e carros de boi para auxiliar na tarefa. Inovação técnica que obteve surpreendente êxito.
A solução genuinamente comariana e amazônica, utilizando os recursos locais disponíveis, foi devidamente registrada e aprovada, sendo posteriormente citada pelo Comandante da Aeronáutica em palestra na Escola Superior de Guerra como modelo de solução logística em condições adversas. Até em Israel, durante uma apresentação do Brigadeiro Carminati a empresários daquele país, o “caso Eirunepé” foi utilizado para demonstrar a dificuldade em executar obras da região amazônica.
Histórias de mais de 30 obras e missões não faltam...
A singularidade da COMARA em realizar obras na região amazônica exige de seu efetivo um tenaz comprometimento com a missão, exigindo de todos prolongados períodos de ausência de seus lares. É nesse contexto que a família exerce papel fundamental na vida do comariano.
Durante todos esses anos, a família do Capitão Damalio adquiriu a compreensão da importância do trabalho realizado pela COMARA que, por meio de suas obras, contribui para o desenvolvimento de regiões isoladas, promovendo a integração nacional.
Dessa forma, sempre que possível, esposa e filhos o acompanhavam nos municípios dos canteiros de obras, ajudando-o a diminuir a saudade, e administrando uma vida inteira de constantes deslocamentos ou mudanças para diversas localidades, como Santarém, Macapá, Rio Branco, Porto Velho,Cruzeiro do Sul entre outras.
Com uma carreira laureada pelo reconhecimento militar e profissional, foi condecorado com as medalhas de Bronze, Prata, Ouro, Bartolomeu de Gusmão, Mérito Santos Dumont, Ordem do Mérito Aeronáutico, Prêmio “Força Aérea Brasileira” e, por último, Menção de Destaque Logístico, grau Platina, a ser recebida em 2020.
Hoje quando vê a Bandeira Nacional ser hasteada, é convicto que o comariano vislumbra o seu simbólico verde com os olhos marejados, pois sabe o quanto é árduo e gratificante “vencer o desafio amazônico”.
Em 5 de outubro de 2009, após encerrar um ciclo de 33 anos de serviço ativo dedicados à FAB - e 31 dispensados à COMARA - onde conquistou a confiança de seus superiores, o companheirismo de seus pares, a admiração e o respeito de seus comandados, o Capitão Damalio foi convidado a permanecer na COMARA, até o dia 2 de março de 2020, na condição de Prestação de Tarefa por Tempo Certo (PTTC), contribuindo com toda sua experiência profissional para a consecução das atividades da Divisão de Logística, um dos pilares para a realização das obras da COMARA.
Ao despedir-se da Força Aérea Brasileira, e especialmente da COMARA, o Capitão Damalio externou: “Despeço-me dessa grande instituição militar, orgulhoso do dever cumprido, certo de ter sido sempre justo e solidário, deixando amigos ao longo da carreira, esperançoso de ter sido um bom exemplo para todos os pares e subordinados com os quais convivi. Agradeço a Deus a oportunidade de servir ao BRASIL de modo edificante e com a certeza de que o legado da COMARA subsistirá no tempo!”
Texto: Vanessa Brito Damalio, 1º Sgt SAD Guilherme e 2º Sgt SAD Jean Claudio
Fotos: 1º Sgt BFT Jean
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