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A sua letra é bonita? E se você pudesse brincar com as nuvens, o que gostaria de escrever no céu? Poderia ser uma homenagem a uma pessoa, uma frase de incentivo ou, quem sabe, um agradecimento especial. Bem, para a Esquadrilha da Fumaça, essa “brincadeira” é possível, e os homenageados são sempre os públicos de suas demonstrações. Tudo bem, as frases não são tão pessoais como as sugeridas e geralmente são homenagens às cidades por onde ela passa, frases de incentivo ou até mesmo para campanhas da Força Aérea Brasileira. Você se lembra da chegada da chama olímpica em Brasília, em fevereiro deste ano? A Esquadrilha da Fumaça estava lá no alto, escrevendo a sua mensagem de boas vindas e avisando ao mundo que a chama estava em solo brasileiro.

Não sei vocês, mas quando se fala em “escrever no céu”, logo vem à cabeça aqueles desenhos animados em que o personagem pilota uma aeronave em loopings frenéticos e escreve algo. Bem, apesar disso existir, não é esse tipo de escrita que vamos tratar nesse post do Força Aérea Blog. A escrita produzida pelos sete aviões da Esquadrilha da Fumaça é mais longo, em equipe, podendo formar frases e até símbolos, como o famoso hashtag e os aros olímpicos.

 

Afinal, como são feitas as escritas?

A demonstração nem começou ainda, e você está naquela ansiedade de ver as sete aeronaves cruzarem baixo sobre a sua cabeça, com o ronco marcante dos turbo-hélices. Então, o locutor chama a sua atenção para que olhe para o alto e, ainda sem entender muito bem o que está acontecendo, repara nos primeiros traços, que logo formam letras e, então, uma homenagem com o nome da sua cidade escrita. Mas como?

A uma altura de aproximadamente 8.000 pés (mais ou menos 2.440 metros), as sete aeronaves se posicionam na formatura “linha de frente”, ou seja, uma ao lado da outra, a uma distância de três metros. Cada uma das sete aeronaves libera e para de liberar pequenas quantidades de fumaça - é como se cada avião fosse soltando pequenos traços. Visto à distância, ou melhor, a mais de 2.400 metros de distância, aos olhos do público fica visível o conjunto todo da obra - os traços formados por cada um, um do lado do outro, somados, formam as letras. E são gigantes: cada uma tem mais ou menos 100 metros de altura! É como se cada letra daquela ali, formando o nome da sua cidade, fosse do tamanho de um campo de futebol!

Uma vez posicionados em linha de frente, todos a uma velocidade 370km/h (200 nós), o líder comanda aos outros pilotos, via rádio: “Para a escrita: 3, 2, 1...Já!”. E, então, todos simultaneamente dão o primeiro comando na aeronave para começar a liberar a fumaça.

 

O processo é computadorizado

Mas é só o primeiro comando que o piloto precisa executar ao pressionar um botão no manche. A partir deste momento, as sete aeronaves estão sincronizadas e, como numa orquestra, cada um vai executar somente a sua função, tocar a sua parte. Porém, assim como uma música, o público verá a obra completa.

O que pode ser escrito? Qualquer coisa que se queira escrever! Mas não é interessante que sejam frases longas senão, ao final dela, a fumaça começa a se dissipar antes mesmo da frase ser completada. E se uma letra, sozinha, tem mais ou menos 100 metros de altura, então qual o comprimento da escrita toda?! Para que se tenha uma ideia, a escrita “Rio 2016”, mais os aros olímpicos, tem aproximadamente três quilômetros de extensão!

É preciso planejar o que será escrito

E como a aeronave sabe o que será escrito? É tudo na hora? Claro que não… Toda missão, seja ela qual for, é planejada nos mínimos detalhes. E, como a escrita é geralmente uma homenagem que será vista por milhares de pessoas, há um cuidado muito grande na escolha, geralmente envolvendo o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, a Seção de Operações e Seção de Comunicação Social da Esquadrilha da Fumaça.

Não sei se você sabe, mas o A-29 Super Tucano é uma aeronave totalmente computadorizada e possui um software que realiza a interface entre o avião, piloto e mecânicos. A Embraer, fabricante do Super Tucano, desenvolveu em 2013 um software chamado PROESA (Programador de Escrita Aérea) exclusivo para a Esquadrilha da Fumaça, para que as escritas pudessem ser planejadas e, com um DTC (Data Transfer Cartridge - semelhante a um pendrive), o texto ser inserido no software da aeronave.

Ainda no seu computador, um oficial da Seção de Operações da Esquadrilha da Fumaça verifica quantos caracteres e quanto tempo serão necessários para que a escrita seja executada. Por exemplo: “Força Aérea Brasileira” possui 20 caracteres e demora 51 segundos para ser escrito; “Pátria Amada Brasil” possui 16 caracteres e precisa de 50 segundos para ser escrito; “Esquadrilha da Fumaça” tem 19 caracteres e demora 51 segundos; “Unidos contra o Aedes” (como fizemos no Rio de Janeiro em fevereiro de 2016) tem 18 caracteres e precisou de 49 segundos.

Pronto: frase definida, carrega-se o DTC com esses dados que, por sua vez, são transferidos ao computador do A-29 por um dos Anjos da Guarda. Cada DTC é capaz de carregar até 12 frases, ou seja, é possível realizar até doze diferentes escritas no mesmo voo. Interessante ressaltar que todos os aviões são carregados com as mesmas informações, cabendo ao piloto informar ao sistema qual é a posição de sua aeronave na escrita e qual a frase escolhida para aquele momento.

 

Mas ainda não entendi como são formadas as letras

Se você é mais jovem, talvez não vai conhecer. Agora, se tem mais de 25 anos de idade, muito provavelmente já viu uma impressora matricial. O que ela tem a ver com a escrita da Esquadrilha da Fumaça? Em poucas palavras, vamos te explicar que tem tudo a ver. Essa impressora funciona da seguinte maneira: no local de cada letra a ser impressa, a máquina produz micro pontos que, conectados, formam as letras. Mas se colocar uma lupa ali enxergará os pontinhos. Passando da esquerda para a direita, vários pontos impressos formam uma letra; várias letras formam palavras e frases. Começou a perceber as semelhanças com o nosso sistema de escrita, que também é matricial?

Ou seja, quando todas as aeronaves estão alinhadas na “linha de frente”, cada uma das sete soltará pequenas quantidades de fumaça (como se fossem os micro furos da impressora) ao longo do trecho em que a escrita aparecerá. E cada aeronave, por sua vez, libera a fumaça em uma sequência diferente da outra.

Já temos experiência em escrever no céu

Hoje, com os modernos A-29, o processo de escrita é computadorizado, mas nem sempre foi assim. Aliás, a primeira escrita que a Esquadrilha da Fumaça fez foi sobre Copacabana, em 1956, com quatro aeronaves NA T-6. Sabe o que escreveram? - “FAB”. Isso mesmo… três letrinhas deram início a uma marca registrada do Esquadrão, um dos únicos militares do mundo com a técnica de escrita matricial.

Foi na era do T-27 Tucano que o processo ficou sistematizado, criado por um Anjo da Guarda do próprio Esquadrão por meio de um CLP - Controle Lógico Programável - que, acoplado à aeronave, controlava a abertura e fechamento da válvula do sistema de Fumaça.

Agora que você entendeu como são realizadas as escritas, diga pra gente: o que você escreveria se tivesse sete aeronaves A-29 e um céu azulão à sua disposição?!

*Outras informações com a Seção de Comunicação da Esquadrilha da Fumaça pelo telefone: (19) 3565-7236.

 

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