Começaram as primeiras decolagens da CRUZEX 2018 no cenário FAM-FIT

Na manhã desta segunda-feira (19), iniciaram os voos do exercício CRUZEX 2018, no cenário FAM-FIT, sigla para Familiarization Flight (FAM) e Forces Integration Training (FIT). Essa etapa inicial é imprescindível para que  os cenários principais, de guerra regular, que serão treinados por meio dos Composite Air Operations (COMAO), e de guerra irregular sejam executados.

“Os primeiros dois dias do exercício são para que todos os pilotos que não operam aqui em Natal, inclusive os brasileiros, possam se adaptar ao aeródromo e à região”, disse o Chefe da Divisão de Controle da CRUZEX, Coronel Aviador Francisco Bento Antunes Neto.

Já o FIT é uma preparação para o COMAO - também conhecido como voo de pacote, em que várias aeronaves, em torno de 50, de diferentes tipos, decolam em sequência para, em um espaço-tempo limitado, realizar ações visando a um objetivo principal. No FIT, há um desmembramento do que, no COMAO, acontece de forma integrada. Aeronaves de caça e transporte, por exemplo, realizam suas missões de forma isolada, para que estejam prontos a atuar em conjunto nos voos de pacote - que começam na quarta (20).  

Ao contrário do FAM, que acontece apenas nos dois primeiros dias, o FIT segue ao longo dos exercício sendo realizado no período da tarde.

O primeiro voo de FAM foi realizado pelo Esquadrão Jambock (1o GAVCA), que opera os F-5M brasileiros, em conjunto com os caças F-16 chilenos. Segundo o Major Aviador Miguel, do Esquadrão Jambock, foram dois caças de cada país, realizando um voo de navegação em circuito pré-planejado. “Esses voos são importantes para familiarizar os pilotos brasileiros e estrangeiros com os procedimentos de solo, frequência de comunicação, procedimentos de decolagem e pouso, características de operação na região e com o cenário do exercício”, disse o Major Miguel.

Reportagem: Tenente Gabrielli Dala Vechia

Fotos: Sargento Bianca Viol

Treinamento reúne 13 países e acontece até o dia 30 de novembro
 

A abertura do Cruzeiro do Sul ExerciseCRUZEX 2018 – foi realizada neste domingo (18), com um briefing geral e a fotografia oficial, que reuniu quase 2000 militares brasileiros e estrangeiros, além de alguns dos meios aéreos que participam do Exercício organizado pela Força Aérea Brasileira.

O Diretor do Exercício, Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros, ressalta que a prioridade é manter a segurança durante as operações.O oficial-general também destaca a importância do intercâmbio de conhecimentos. “Essa troca de experiências é essencial para que a Força atinja um nível de treinamento adequado. A CRUZEX também é importante pela interoperabilidade que proporciona: nesta edição, Exército e Marinha estarão participando, inclusive nas ações de guerra não convencional, que é uma das principais novidades da edição deste ano”, diz.

 O cenário de guerra não convencional, citado pelo Diretor, é referente a um combate das Forças Armadas contra forças insurgentes ou paramilitares e não entre dois Estados constituídos. Este é o perfil encontrado em missões de paz da ONU.

A CRUZEX é um Exercício Operacional multinacional promovido pela Força Aérea Brasileira (FAB) desde 2002, que visa ao treinamento conjunto de cenários de conflito, promovendo trocas de experiências entre os países participantes.

A edição deste ano acontece até o dia 30 de novembro, na Ala 10, em Natal (RN), e reúne 13 países, incluindo o Brasil, com cerca de 2000 militares e 100 aeronaves brasileiras e estrangeiras. Trata-se do maior treinamento conjunto e multinacional promovido pela FAB.

Texto: Tenente Emília Maria

Fotos: Sargentos Bianca Viol e Johnson Barros/CECOMSAER

 

 Assista ao vídeo:

A Direção da CRUZEX 2018 informa que o Reino Unido, que iria participar como observador, cancelou a sua participação no Exercício.
Os demais países envolvidos prosseguirão na realização das atividades aéreas e todos os eventos programados estão mantidos.
A CRUZEX é o maior exercício de combate aéreo multinacional da América do Sul, com a participação de cerca de cem aeronaves e 1,7 mil militares do Brasil, Canadá, Chile, França, Peru, Uruguai, Estados Unidos, Bolívia, Índia, Suécia, Venezuela, Portugal e Alemanha.

 

Brigadeiro Medeiros, Comandante da Ala 10 e Diretor da CRUZEX 2018, traz mais detalhes do exercício que começa no dia 18

Às vésperas do início da CRUZEX 2018, maior exercício multinacional e conjunto realizado pela Força Aérea Brasileira, o Diretor da manobra, Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros, traz mais detalhes.

Qual etapa da CRUZEX está sendo executada neste momento?

Na quinta-feira, dia 15, já chegou uma aeronave de carga dos Estados Unidos, o C-17, mas que não participará do exercício. E as demais comitivas estrangeiras estão na iminência de chegar. Tudo conforme o planejamento. Os esquadrões brasileiros já estão pousando aqui na Ala 10. Hoje, sexta, iniciam os voos de familiarização neste aeródromo para os pilotos brasileiros que não costumam voar aqui, conhecidos como FAM-FIT, sigla para Familiarization and Integration Training.

Por que a CRUZEX é tão importante? Que tipo de ganhos operacionais a FAB espera desse treinamento?

O exercício é importante por três motivos. Primeiro, pelo intercâmbio de experiências. Em 2002, na primeira edição da CRUZEX, recebemos três países com meios aéreos e um país mandou observador militar. Hoje, temos sete países que irão trazer aeronaves, fora os observadores. Ou seja, a evolução é muito clara. Não é à toa que o número de interessados foi aumentando. Essa troca de experiências é essencial para que a Força atinja um nível de treinamento adequado. Em segundo lugar, a CRUZEX é importante pela interoperabilidade que proporciona: nesta edição, Exército e Marinha também estarão participando, inclusive nas ações de guerra não convencional, que é uma das principais novidades da edição deste ano. Nesse tipo de cenário, o conflito não acontece entre dois Estados constituídos, mas contra forças insurgentes. E, finalmente, o exercício é importante pela possibilidade de treinar os nossos meios logísticos-operacionais. Isso é essencial porque, na eventualidade de um conflito ou na eventualidade de o país ser deslocado, por exemplo, para atender a uma operação de paz, nós temos que ter essas expertises para executar.

O Sr. falou sobre a evolução entre a primeira edição do treinamento e a CRUZEX 2018. Poderia citar alguns exemplos de ganhos operacionais trazidos por esse exercício na Força Aérea ao longo dos anos?

São dois os mais importantes. A parte de Comando e Controle é um deles. Hoje, o Brasil já está muito desenvolvido e falando a mesma língua dos países da OTAN. Podemos trabalhar de forma integrada com essas nações. Outro aspecto é aquilo que chamamos de validação do tiro simulado, que é o shot validation, atividade que ocorre em exercícios como o Red Flag, da Força Aérea dos Estados Unidos. Não se trata apenas de atingir objetivos, mas avaliar resultados e verificar como ele está sendo atingido. Quando nós realizamos a simulação do emprego de armamento em um voo, somos capazes de avaliar o índice de desempenho operacional que nós atingimos. Se o emprego é real, é muito mais fácil de fazer essa verificação, de ver o armamento acertando o alvo; mas, no caso da simulação, é preciso utilizar sistemas de forma integrada.

Durante os treinamentos, haverá atividades que coloquem em uma mesma ação diferentes países?

Sim. Teremos reabastecimento em voo com aeronaves de países distintos, lançamentos de paraquedistas realizado por aviões de outras nações, entre outros exemplos. Esse é o cerne do intercâmbio de experiências, pois muitos dos militares que estarão operando aqui já atuaram em situações de conflito.

Essa é a primeira vez que treinamos o cenário de guerra não convencional na CRUZEX. Por que ele foi escolhido para esta edição?

As necessidades do Estado naturalmente evoluem com o passar do tempo. Nas missões de paz, por exemplo, já treinamos nossos meios terrestres, como ocorreu no Haiti. Nossos meios navais também foram treinados, como na missão do Líbano, em que o comandante é da Marinha do Brasil. Meios aéreos realizaram só missões de transporte. Agora, nós entramos em uma auditoria da ONU para utilizar outras aeronaves em missões de paz - no caso, o C-105 Amazonas, o H-6O Black Hawk e o A-29 Super Tucano. Essas aeronaves já estão pré-aprovadas para serem empregadas. Em uma necessidade, estamos prontos para operar. Então, o que nós vamos treinar na CRUZEX 2018 são ações ligadas a esse tipo de conflito, a guerra não convencional, que são bastante específicas. Nesses casos, o risco de dano colateral, ou seja, de atingir civis ou instalações não diretamente relacionadas ao conflito, é muito alto.

Por que investir em treinamento em um país pacífico, como o Brasil?

As Forças Armadas são do povo brasileiro. E, pelas características do nosso país, trata-se de muito mais de forças de defesa e não forças de ataque, que servem para garantir a defesa da Pátria e dos seus poderes constituídos. Essa é a nossa missão. E é pra isso que precisamos estar prontos; é para isso que estamos treinando aqui.

A FAB passou cinco anos sem realizar a CRUZEX. Por quê?

O que aconteceu entre a última edição, em 2013, e essa, em 2018, é que o país foi sede de grandes eventos. Tivemos a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em que houve um grande envolvimento das três Forças. Nós não dispúnhamos de meios suficientes para fazer um exercício das proporções de uma CRUZEX.

Entrevista: Tenente Gabrielli Dala Vechia

Fotos: Sargento Bianca Viol

Diretoria atuará especialmente no suporte de infraestrutura e em atividades de contraincêndio

A Diretoria de Infraestrutura da Aeronáutica (DIRINFRA) participa do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), que será realizado em Natal (RN) de 18 a 30 de novembro, especialmente no suporte de infraestrutura e em atividades de contraincêndio.

Antes do início do exercício, a Diretoria foi responsável por diversas ações, como a Operação Camaleão, em que foi realizada toda a pintura do pátio, proporcionando a sinalização horizontal das vagas em que as aeronaves ficarão estacionadas; o sistema de aterramento, cuja função é proteger a carcaça da aeronave contra descargas atmosféricas; o treinamento de bombeiros para o manuseio de substâncias diferenciadas, como a hidrazina (combustível); e a montagem de onze hangaretes.

“Uma operação desse porte é uma oportunidade única dos países envolvidos trocarem informações, doutrinas e também de aperfeiçoarem a forma de agir em situações reais. E para nós, é uma honra apoiar em termos logísticos e técnicos, uma vez que este exercício operacional é o de maior vulto em que a FAB participa na América Latina”, destaca o Diretor de Infraestrutura da Aeronáutica, Major-Brigadeiro Sérgio de Matos Mello.

Durante a CRUZEX, por meio de sua Divisão de Contraincêndio, a DIRINFRA prestará todo o suporte relativo à proteção contraincêndio, fornecendo viaturas especiais para o amparo a eventuais emergências aeronáuticas, como os Carros Contra Incêndio (CCI) – veículos preparados para o combate a incêndios e o resgate em aeródromos.

Por meio da atuação de militares do seu efetivo, além dos pertencentes ao Sistema de Contraincêndio local, as equipes trabalharão diariamente para que o evento transcorra dentro das normas de segurança, conforme preconizado pela legislação vigente. Os militares também atuarão na prevenção de acidentes e limpeza das pistas para evitar a existência de objetos que possam trazer perigo à aviação.

A Diretoria de Infraestrutura da Aeronáutica tem como missão: planejar, normatizar e gerenciar atividades relacionadas ao patrimônio imobiliário, engenharia de campanha, gestão ambiental e contraincêndio.

Reportagem: Tenente Anelise da Silva

Edição: Tenente Emília Maria

Fotos: DIRINFRA

Aplicação de princípios como distinção, necessidade militar, limitação e proporcionalidade é observada em treinamentos como a CRUZEX

O Direito Internacional Humanitário (DIH), também conhecido como Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA), é o conjunto de normas acordadas no cenário internacional que organiza e orienta a ação militar dos signatários, quando em contexto de conflito. O Brasil assinou tratados multilaterais relacionados a essas questões. Os treinamentos militares, a exemplo do exercício operacional CRUZEX 2018, da Força Aérea Brasileira (FAB), são formatados levando-se em conta esses princípios.

O Coronel Aviador André Luiz dos Santos Caldeira, que realizou cursos e especializações na área de Direito Internacional na Itália e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que os exercícios são organizados de acordo com os princípios da Distinção, da Necessidade Militar, da Limitação e da Proporcionalidade. “Todo o planejamento que realizamos para os exercícios leva em conta essas questões. É o aperfeiçoamento profissional do preparo e emprego do poder militar, no caso da Força Aérea, destaca-se o Poder Aéreo”, explicou o oficial, que atua no Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER).

Segundo o Coronel Caldeira, o Direito Internacional dos Conflitos Armados expressa o arcabouço normativo internacional, visando salvaguardar a vida daqueles que não estão diretamente relacionados ao conflito, agregando-se também a organização profissional dos meios e métodos para o emprego da Força Armada. “Dessa forma, os danos colaterais – aqueles que são inevitáveis – estarão diretamente ligados ao contexto do conflito”, explica.

O princípio da Distinção, segundo o militar, evidencia que os ataques devem se limitar estritamente aos objetivos militares - “alvos” - cuja destruição, total ou parcial, captura ou neutralização, ofereça uma efetiva vantagem militar em relação ao oponente. “A seleção de alvos passa por um processo criterioso de análise, levando-se em conta sempre os aspectos da distinção, considerando-se a relevância do alvo para o alcance dos resultados planejados para a missão”, detalha o coronel.

Outro princípio, o da Necessidade Militar, atrelado ao anterior, destaca a ideia de que “O poder militar é empregado contra os alvos devidamente selecionados e essenciais para o êxito das ações planejadas”, diz o oficial.

Já o princípio da Limitação se refere ao fato de que as partes beligerantes devem observar que nem todos os métodos e meios são viáveis em um conflito. Existem restrições, como por exemplo, o uso de armas químicas e biológicas.

Finalmente, há o princípio da Proporcionalidade, que está ligado ao dano colateral causado quando o alvo é atingido: a relação entre a necessidade de empregar o poder militar contra um determinado alvo, a forma como será feito e os danos causados são analisados à luz desse princípio.

O Coronel Caldeira explica que, mesmo em tempos de paz, o emprego do Poder Aéreo, em ações de manutenção da soberania do Espaço Aéreo Brasileiro, observa com critério a aplicação de todos os princípios. “As Forças Armadas Brasileiras, por intermédio de exercícios e manobras militares, estão, em todo tempo, consonantes com os princípios consolidados no cenário internacional, aprimorando e aperfeiçoando o preparo e emprego do poder militar, mantendo-se prontas e em condições de atuar em qualquer tipo de cenário”, afirma.

Reportagem: Tenente Gabrielli Dala Vechia

Fotos: Sargento Johnson e Soldado Wilhan Campos/CECOMSAER

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